terça-feira, 13 de abril de 2010

Blog de Ademir Damião: A raiz do problema

Blog de Ademir Damião: A raiz do problema

A raiz do problema


Recentemente, acompanhei pelo telejornal denominado “Bom Dia Brasil” da Rede Globo, uma reportagem sobre crianças que efetuam catação de lixo na busca de meios para sobrevivência, incluindo restos de alimentação geralmente fora de validade, e na continuidade de tal reportagem, foi apontada responsabilidade de dois entes pela situação de vulnerabilidade das crianças: as prefeituras e a própria família.
No tocante ao fato, compreendo que não se pode admitir que crianças ou qualquer outra pessoa busquem sobreviver da catação de lixo nas condições atuais, com sérios riscos para própria saúde e em um estado desumano, competindo com ratos, urubus, moscas e outros animais que ali fazem seu habitat, o que causa permanente indignação por este caos social, havendo a necessidade não deixamos de ver os reais motivos para tal situação.
É importante salientar, que, pessoalmente, compreendo que os catadores e as catadoras de materiais recicláveis têm uma importância relevante para o meio ambiente e para sociedade, mas devem ser oferecidas totais condições para suas atividades, evitando que as mesmas ocorram em condições insalubres, buscando combater as formas de exclusão dessas pessoas.
Entendo ser fundamental que se deve investir na organização dos catadores e das catadoras, respeitando a realidade de cada área, proporcionando meios para que eles e elas assumam sua plena cidadania, lutando por seus direitos como qualquer grupo organizado e não vivendo de migalhas e restos de outras pessoas.
Neste sentido, tal organização deverá ocasionar o reconhecimento das pessoas que efetuam catação como uma categoria profissional, semelhante a outros grupos de trabalhadores e trabalhadoras sendo ofertadas condições para seus filhos pudessem freqüentar escola, brincar como qualquer criança e, logicamente, não tivessem necessidade de efetuar catação nas vias públicas e nos lixões, como mostrado na reportagem citada anteriormente.
Uma reflexão aprofundada da referida reportagem, permite observar que a mesma não apresenta uma análise dos reais motivos que levam crianças e outras pessoas a viver da catação do lixo nas ruas e nos lixões em diversas partes do Brasil e do mundo.
É lógico que do ponto de vista imediato e sem um aprofundamento das causas, chegaríamos à mesma conclusão da reportagem, ou seja, que existe necessidade de programas sociais das prefeituras que atendam as famílias dos menores que estão em situação de risco, bem como deveria haver uma maior preocupação das famílias com as crianças, o que, em muitos casos não pode acontecer já que essas famílias vivem em estado de calamidade social, sem nenhuma referência familiar.
Entendo que a raiz do problema vivido pelas crianças e demais pessoas que sobrevivem da catação de lixo se encontra na forma de organização da sociedade capitalista, onde o essencial é o lucro e a satisfação dos desejos, com a exclusão de parte da sociedade, que não possui os padrões criados pelo sistema, como é o caso dos catadores e catadoras.
Compreendo, ainda, que semelhante a questão em tela, qualquer demanda sócio-ambiental só deverá ser solucionada de forma definitiva, caso a sociedade mude sua forma de vida, superando o princípio de que ter é mais importante do que ser, ou seja, onde o ponto de partida é diminuir o nível atual de consumismo e mudando o relacionamento entre as pessoas, evitando a exploração de um ser humano por outro ser humano, que é a raiz de todo problema que vivemos.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Blog de Ademir Damião: Em busca da sustentabilidade sócio-ambiental

Blog de Ademir Damião: Em busca da sustentabilidade sócio-ambiental

Em busca da sustentabilidade sócio-ambiental

No último sábado do mês de março, dia 27 de março, ocorreu, em diversas partes do mundo, o evento denominado “A Hora do Planeta”, objetivando ampliar a consciência global sobre a problemática das mudanças climáticas, onde os atos buscaram alertar sobre os efeitos do aquecimento global para o meio ambiente e para própria humanidade.
Os atos demonstraram a preocupação de parte da sociedade mundial com a questão ambiental, indicando a necessidade urgente da adoção de medidas que busquem a reversão do estado atual, onde os seres humanos continuam mantendo uma relação conflituosa com o meio ambiente, apropriando-se indevidamente dos recursos naturais para manutenção de um padrão de consumo inconsistente.
É fundamental que se consiga superar a concepção ocidental da supremacia humana sobre a natureza, bem como sobre outros seres humanos, baseada no foto que o ser humano ter sido feito a “imagem e semelhança de Deus”, pois é através de tal idéia que são mantidas as diversas formas de exploração dos recursos naturais para satisfazer, principalmente, os desejos de consumo de uma camada privilegiada.
Como bem sabemos, a questão do aquecimento global é um indicativo desta relação desastrosa que a humanidade vem mantendo com o meio ambiente, onde a biodiversidade do planeta é explorada de forma permanente e insana, sem que se levar outras formas de interação com a natureza, como exemplo, aquela citada na carta do cacique indígena ao Presidente dos Estados Unidos da América em 1854, na qual em um dos trechos afirmava: “...a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão cuspindo em si mesmos”.
Compreendo que qualquer análise dos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente deve se basear nas relações social, política e econômica que são mantidas entre os seres humanos e, neste sentido, onde o processo de globalização capitalista se encontra centrado no crescimento econômico sem preocupação com o agravamento a deterioração dos recursos naturais, notadamente em países em subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Neste sentido, observa-se o aceleramento das desigualdades sócio-ambientais, com problemas como desmatamento, queimadas, poluição hídrica, lançamento inadequado dos esgotos sanitários e industriais, lixões, além da exclusão de grande parte da população que vive em condições insalubres, em locais como palafitas e favelas, havendo, em contrapartida, uma parcela da população favorecida pelo atendimento e oferta dos serviços gerados na própria sociedade.
Diante deste contexto, verifica-se, urgentemente, a necessidade de reversão da situação acima, buscando a garantia de ações sustentáveis, que levem a melhoria da qualidade de vida da população excluída socialmente, bem como a preservação dos recursos naturais, ou seja, só haverá desenvolvimento sustentável com mudança das atuais bases de crescimento mundial.
Neste sentido, não se pode esquecer que tal mudança parece não fazer parte dos governantes mundiais, conforme os resultados tímidos da COP-15 (15ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas das Nações Unidas) realizada em Copenhague, que chegou ao final sem que a humanidade pudesse celebrar um tratado para minimizar os efeitos decorrentes das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Em caso da continuidade do quadro acima, continuará sendo observado o agravamento dos problemas como as mudanças climáticas que vem atingindo toda humanidade, aonde a natureza vem reagindo a forma errônea de ação do ser humano.
Finalizando, compreendo a realização de atos permanentes como “A Hora do Planeta” é fundamental para despertar a consciência mundial para busca de soluções concretas para a questão sócio-ambiental, incluindo o tema nos diversos espaços de discussão, objetivando que o ser humano realize o resgate da relação respeitosa com os seus semelhantes e com o meio ambiente.