sexta-feira, 2 de abril de 2010

Em busca da sustentabilidade sócio-ambiental

No último sábado do mês de março, dia 27 de março, ocorreu, em diversas partes do mundo, o evento denominado “A Hora do Planeta”, objetivando ampliar a consciência global sobre a problemática das mudanças climáticas, onde os atos buscaram alertar sobre os efeitos do aquecimento global para o meio ambiente e para própria humanidade.
Os atos demonstraram a preocupação de parte da sociedade mundial com a questão ambiental, indicando a necessidade urgente da adoção de medidas que busquem a reversão do estado atual, onde os seres humanos continuam mantendo uma relação conflituosa com o meio ambiente, apropriando-se indevidamente dos recursos naturais para manutenção de um padrão de consumo inconsistente.
É fundamental que se consiga superar a concepção ocidental da supremacia humana sobre a natureza, bem como sobre outros seres humanos, baseada no foto que o ser humano ter sido feito a “imagem e semelhança de Deus”, pois é através de tal idéia que são mantidas as diversas formas de exploração dos recursos naturais para satisfazer, principalmente, os desejos de consumo de uma camada privilegiada.
Como bem sabemos, a questão do aquecimento global é um indicativo desta relação desastrosa que a humanidade vem mantendo com o meio ambiente, onde a biodiversidade do planeta é explorada de forma permanente e insana, sem que se levar outras formas de interação com a natureza, como exemplo, aquela citada na carta do cacique indígena ao Presidente dos Estados Unidos da América em 1854, na qual em um dos trechos afirmava: “...a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão cuspindo em si mesmos”.
Compreendo que qualquer análise dos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente deve se basear nas relações social, política e econômica que são mantidas entre os seres humanos e, neste sentido, onde o processo de globalização capitalista se encontra centrado no crescimento econômico sem preocupação com o agravamento a deterioração dos recursos naturais, notadamente em países em subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Neste sentido, observa-se o aceleramento das desigualdades sócio-ambientais, com problemas como desmatamento, queimadas, poluição hídrica, lançamento inadequado dos esgotos sanitários e industriais, lixões, além da exclusão de grande parte da população que vive em condições insalubres, em locais como palafitas e favelas, havendo, em contrapartida, uma parcela da população favorecida pelo atendimento e oferta dos serviços gerados na própria sociedade.
Diante deste contexto, verifica-se, urgentemente, a necessidade de reversão da situação acima, buscando a garantia de ações sustentáveis, que levem a melhoria da qualidade de vida da população excluída socialmente, bem como a preservação dos recursos naturais, ou seja, só haverá desenvolvimento sustentável com mudança das atuais bases de crescimento mundial.
Neste sentido, não se pode esquecer que tal mudança parece não fazer parte dos governantes mundiais, conforme os resultados tímidos da COP-15 (15ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas das Nações Unidas) realizada em Copenhague, que chegou ao final sem que a humanidade pudesse celebrar um tratado para minimizar os efeitos decorrentes das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Em caso da continuidade do quadro acima, continuará sendo observado o agravamento dos problemas como as mudanças climáticas que vem atingindo toda humanidade, aonde a natureza vem reagindo a forma errônea de ação do ser humano.
Finalizando, compreendo a realização de atos permanentes como “A Hora do Planeta” é fundamental para despertar a consciência mundial para busca de soluções concretas para a questão sócio-ambiental, incluindo o tema nos diversos espaços de discussão, objetivando que o ser humano realize o resgate da relação respeitosa com os seus semelhantes e com o meio ambiente.

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