sábado, 15 de janeiro de 2011

A questão das chuvas


A população residente na região serrana do Rio de Janeiro vem sofrendo os efeitos das chuvas que ali caíram nos últimos dias, causando mortes e destruições, cujas imagens repassadas pelas emissoras de televisão deixam qualquer pessoa consternada.
Diante dos fatos no Rio de Janeiro, bem como em São Paulo e demais estados da Região Sudeste, é reproduzido o discurso que as causas do problema decorrem da falta de planejamento e ordenamento urbano, aonde as pessoas ocupam espaços inadequados, como encostas de morros, margens de rios e canais, bem como efetuam aterros de áreas de preservação, como manguezais.
Acrescente-se, ainda, que outro fator que é indicado pela causa dos problemas das enchentes se relaciona com o lançamento do lixo em locais impróprios, prejudicando o caminho das águas, devido à desobstrução do sistema de drenagem.
É lógico que não se pode discordar das questões acima, fato observado nos centros urbanos, contudo, há necessidade aprofundar a discussão do tema, para que se possa analisar a real raiz causadora desta situação, que tem um ciclo de repetição anual em todo Brasil, cujos efeitos dependem da quantidade de chuvas e das medidas preventivas adotadas pelo poder público local.
Historicamente, o processo de ocupação das cidades brasileiras se deu com a elite se localizando nas melhores áreas e os mais pobres, em grande parte expulsos da área rural por falta de condições de sobrevivência, foram obrigados ocuparem morros, mangues, margens de rios, etc.
Esta situação decorre da estrutura capitalista da sociedade, aonde a busca de lucro excessivo de uma parte minoritária da população provoca a exploração das demais pessoas, o que não é debatido pela mídia brasileira, que não realiza um aprofundamento da situação, mostrando os reais motivos para os problemas que assolam os centros urbanos.
A espoliação capitalista continuará levando as pessoas ocuparem locais inadequados para construção de moradias, criando empecilhos para um adequado ordenamento urbano, por mais ações que hajam dos governantes, notadamente daqueles de partidos da esquerda.
Compreendo, então, que estamos passíveis de situações como as ocorridas recentemente na Região Sudeste, se não houver construção de outro modelo socialmente mais justo de relacionamento econômico entre as pessoas, cujos efeitos também reverteram na relação com o meio ambiente, diminuindo as agressões aos recursos naturais.
É importante acrescentar que a relação distorcida entre o ser humano e a o meio ambiente, vem contribuem decisivamente para tragédias como  a que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro, logo a mudança da forma de utilização dos recursos naturais é fundamental para diminuir tais tragédias.
Como não podemos viver no aguardo da construção desse novo modelo de sociedade, o qual depende da nossa organização política, entendo que é preciso tomar medidas imediatas para evitar que o caos visto na Região Sudeste não continue ocorrendo, sendo assim, vejo como primeiro passo o fortalecimento do processo de participação social nas esferas governamentais, aonde a sociedade possa discutir e sugerir propostas para solucionar os problemas nas áreas de fragilidades sócio-ambientais.
Este envolvimento da sociedade é fundamental para que os projetos a serem implantados tenham credibilidade e sejam assimilados com maior facilidade, incluindo aqueles de educação ambiental, voltados para mudança de hábitos e costumes da população.
A sustentabilidade de qualquer ação governamental só será garantida em qualquer localidade se a população ali residente se torna sujeita da mesma, o que possibilitará a ampliação da consciência política das pessoas na busca de outro modelo de sociedade.

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