domingo, 9 de junho de 2013
Meio ambiente X capitalismo: Desarmonia histórica
A sociedade passou, historicamente, por diversas
transformações políticas, sociais e econômicas, a partir da formação das
aglomerações humanas, se verificando sempre o predomínio de determinada classe
social sobre as demais, juntamente com o uso dos recursos naturais que, em grande
parte, se deu de forma inadequada.
Em muitas civilizações, partindo da ideia da
superioridade racial, foi verificado que seres humanos foram escravizados e as mulheres
relegadas ao segundo plano, só havendo direitos para os homens brancos,
possuidores de bens, que tomavam decisões na busca da manutenção do “status
quo”, incluindo o que se referia ao relacionamento com o meio ambiente.
Assim como os escravos e as mulheres, os recursos
naturais foram considerados, ao longo do tempo, como propriedade privada da
parcela mais rica da sociedade, sendo causados danos ambientais de grandes
proporções com efeitos diretos sobre a saúde e qualidade de vida da própria
raça humana.
A desarmonia na relação com o meio ambiente cresceu
aceleradamente a partir do apogeu do capitalismo e o processo de evolução
industrial, com a burguesia, como classe dominante, utilizando irracionalmente
os recursos naturais na busca de ampliar seus bens e riquezas, tendo como mola
mestre a exploração da classe trabalhadora.
O desenvolvimento capitalista se deu durante anos e
anos sem que houvesse controle ambiental pela inexistência ou ineficácia de
órgãos responsáveis por tal controle e falta de uma consciência socioambiental
por parte dos segmentos da sociedade, levando a degradação dos recursos
naturais e poluição do solo, ar e recursos hídricos.
Esta situação permaneceu inalterada até a eclosão
dos debates sobre a temática ambiental em diversas esferas internacionais e
nacionais, fazendo serem aprovadas legislações mais rigorosas de controle
ambiental e os órgãos públicos ampliarem sua atuação, mesmo com o permanente
risco de interferência política nas decisões a serem tomadas.
Apesar da discordância dos defensores do
capitalismo, não se pode negar os malefícios que este sistema provocou e vem
provocando em diversos aspectos, incluindo nas questões ambientais, visto a
demanda de agressões ambientais do passado e que continuam na atualidade,
tornando inconsistente o discurso atual de uso racional dos recursos naturais e
da realização de ações sustentáveis por parte das indústrias empresas,
shoppings e lojas em geral.
Cabe, portanto, uma reflexão coletiva sobre que
contribuições podem ser dadas para que seja alcançada uma real sustentabilidade
nas relações dos seres humanos entre si e na interação com a natureza, superando
as armadilhas montadas pelo sistema capitalista, para que tal questão não passe
de retórica sem efeito prático.
E, neste sentido, há um longo caminho a ser
percorrido, que passa no engajamento consciente da população na busca de
soluções para os problemas existentes, através do fortalecimento dos canais de
organização, participação popular e controle social, criando mecanismos
voltados para que o tema ambiental faça parte da agenda dos segmentos da
sociedade de forma lúcida e transparente e contribua com o processo de luta da
classe trabalhadora contra as mazelas impostas pelo capitalismo.
sábado, 27 de abril de 2013
Desenvolvimento sustentável: 25 anos de poucos avanços
Em 1987, o termo
“desenvolvimento sustentável” foi utilizado pela primeira vez em um documento
denominado de Relatório Brundtland ,
elaborado pela
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que havia sido criada
pela Assembleia das Nações Unidas em
1983, e entre as muitas definições já realizadas, tal termo pode ser assim
definido: “é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”.
Após mais de 25 anos, ou
seja, um quarto de século, que avaliação pode ser feita sobre os passos dados
pela sociedade humana para concretizar na prática um desenvolvimento
sustentável? Foram verificadas mudanças concretas nas relações com o meio
ambiente e entre os próprios seres humanos para alcançar uma sustentabilidade
socioambiental nas ações humanas?
Em respostas as indagações
acima, se observa que a sociedade humana vem ao longo dos últimos 25 anos, contribuindo
timidamente na construção de um mundo sustentável, não havendo consolidação dos
alicerces necessários que garantam condições para as futuras gerações usufruir
de uma satisfatória qualidade de vida ambiental e social.
Apesar dos debates já
realizados sobre desenvolvimento sustentável, parte dos seres humanos continua utilizando
irracionalmente os recursos naturais em busca da manutenção de um nível de
consumo desenfreado em decorrência da ideologia capitalista que leva as pessoas
sempre a querer mais e mais na busca de status social, como se o “ter” fosse
mais importante do que o “ser”.
As ações voltadas para
evitar extinção dos recursos naturais e da biodiversidade do planeta são
realizadas pontualmente, não havendo uma articulação de políticas públicas
voltadas para preservação ambiental, incluindo medidas de planejamento, controle
e de educação ambiental, respeitando e envolvendo os aspectos sociais, culturais,
econômicos, políticos e ambientais de cada localidade.
O relacionamento errôneo dos
seres humanos com a natureza, além de provocar sérios problemas para os
recursos naturais e biodiversidade, vem trazendo consequências danosas como
seca, erosão dos solos, deslizamentos de terras, enchentes, poluição do ar,
água e do solo, que, em grande parte, atingem a população mais pobre que reside
nas áreas consideradas críticas e sujeitas aos desastres decorrentes das ações
humanas, que alguns insistem em denominar de “desastres naturais”.
Neste sentido, o processo de
divisão de classes sociais impede que haja a concretização de ações
sustentáveis, já que os grandes beneficiados são justamente aqueles com maior
poder econômico, o que eleva o risco de exclusão dos mais pobres, sujeitos a
receberem, em diversas ocasiões, as migalhas dos bens gerados nas atividades
humanas.
A transformação que a
sociedade necessita passar para implantar os alicerces do desenvolvimento
sustentável deve ser norteada por novas posturas, com a revisão de costumes e
hábitos, incluindo a utilização do meio ambiente como lixeira das ações
econômicas e sociais.
Compreendendo que os seres
humanos darão passos para alcançar a sustentabilidade socioambiental partir das
mudanças de sua forma de agir, recuperando, então, o tempo perdido desde o
lançamento da ideia de desenvolvimento sustentável, que já deveria ser uma
prática reinante na sociedade humana bem antes de 25 anos atrás e que não
acontece até os dias atuais.
sábado, 2 de março de 2013
Superação do invidiualismo: Indo além da utopia.....
Na
postagem anterior deste blog, foi realizada uma análise sobre a valorização
individual das pessoas, deixando em segundo plano a valorização coletiva, o que
fortalece a idéia que se deve subir de qualquer forma, passando por cima de
qualquer obstáculo, inclusive de outro ser humano, já que o importante é ter
status social e acúmulo de bens.
A
questão da individualidade além de ser tratada como algo natural por
determinados segmentos sociais, tornou-se uma prática rotineira nas relações
humanas, se escutando, constantemente, que “primeiro eu e depois os outros”,
além de muitas pessoas viverem buscando tirar vantagens em tudo, só querendo
garantir o que é de seu interesse.
Nessa
ótica, as pessoas querem estar sempre na frente das demais, como se a vida
fosse uma eterna competição, observando-se que, em diversos momentos, a
aquisição de determinado produto não por necessidade do mesmo, mas para se
possuir um melhor do que aquele de outra pessoa, buscando mostrar um ”grau de
superioridade”, que é irrelevante e totalmente fútil.
O
individualismo reinante nas relações sociais provoca um processo de
relacionamento irracional com o meio ambiente por parte dos seres humanos, que
tendem a efetuar o uso inadequado dos recursos naturais, que são vistos como instrumentos
de satisfações pessoais, através do consumo desenfreado de produtos
diversificados.
É
interessante observar o discurso ético de preservação ambiental, mantido pela
maioria dos seres humanos, só se refere às ações de terceiros, não incluindo suas
práticas individuais, que as julgam não serem prejudiciais e agressivas ao meio
ambiente.
A
manutenção de tal forma de relacionamento com o meio ambiente se torna
impraticável, visto o nível de problemas que necessitam, urgentemente, ser
contidos e revertidos, visando à garantia da continuidade de vida no planeta, com
as futuras gerações humanas se encontrando seriamente ameaçadas.
Compreendendo
a importância dos trabalhos de educação ambiental, observa-se, infelizmente,
que grande parte dos mesmos ainda não faz uma abordagem profunda sobre os
problemas ambientais provocados pelo individualismo das pessoas, salientando
que a referida abordagem deveria se basear no questionamento da ideologia do
sistema vigente na sociedade.
Deve
ser ressaltado que as ações educativas só irão surtir efeitos a partir do
momento que cada pessoa reveja suas práticas, avaliando que há necessidade de
contribuir com o crescimento coletivo da sociedade e não só pensar em si
próprio, como se fosse o centro do universo.
Dentro
da pluralidade da sociedade, a construção de espaços e ações coletivas se torna
um desafio permanente, devendo se quebrar barreiras e conceitos enraizados, como
o machismo, preconceito racial, intolerância religiosa, entre outros, que se
baseiam na individualidade e na superioridade de um ser humano sobre outro e,
logicamente, sobre o meio ambiente.
Como
um dos passos fundamentais para mudança dessa realidade, verifica-se que as
pessoas não precisam concorrer e sim atuar em parcerias, acrescentando que é
fundamental o reconhecimento das virtudes e não os defeitos de seus semelhantes,
avaliando que qualquer ser humano tem sempre algo para contribuir com melhoria
das relações humanas e do próprio planeta.
Certamente,
a partir dessa atitude, as pessoas passarão a ser valorizadas pelo seu “ser’ e
não pelo seu “ter”, proporcionando um avanço no relacionamento das pessoas, o que este blogueiro espera que
não seja uma utopia e chegue a se tornar realidade, pois só assim, os seres humanos
estão provando que são realmente racionais, efetuando mudanças que garantam a sustentabilidade socioambiental e a própria
sobrevivência da espécie.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Valorização individual ou coletiva na sociedade?
Durante décadas, os seres
humanos mantêm uma cultura norteada pela competição, na qual o objetivo é que
cada pessoa sempre supere às outras, alcançando ganhos sociais e econômicos,
decorrentes de “sucesso” obtidos individualmente.
O processo de competição é
considerado salutar e correto por determinados segmentos sociais, que
compreendem tratar-se de algo natural, que faz parte do dia a dia da sociedade,
a qual deve reconhecer e valorizar “os vitoriosos”, sem que haja uma reflexão aprofundada
dos métodos utilizados de determinadas conquistas.
Como a ideologia do sistema vigente
prega a competição entre as pessoas, verifica-se que a mesma é assimilada no
interior das famílias, considera o berço da sociedade, levando os pais a
disputarem o amor dos(as) filhos(as), bem como estimular a concorrência entre
eles(as), fatos que geralmente ocorrem de forma inconsciente.
A doutrinação do sistema é
observada com maior ênfase nos estabelecimentos de ensino, que valoriza a disputa
entre os(as) alunos(as), através das olímpiadas escolares com premiação
exclusiva aos vencedores e não a todos participantes, além do destaque dado
aqueles(as) que obtêm as melhores notas.
A disputa dos(as) estudantes
é mantida de forma permanente, tanto em escolas públicas como particulares, as
quais, estão criando “turmas especiais” para os(as) alunos(as) que tem os
melhores currículos escolares, separadamente dos demais, visando a obtenção dos
primeiros lugares em vestibular, como se tal situação por si só, fosse
fundamental para posterior formação dos(as) mesmas.
Em qualquer campo de
atividade humana, se observa que há sinais de competição, sempre havendo alguém
querendo mostrar supremacia sobre outras pessoas, tomando medidas e adotando
posições voltadas para o que se denomina “subir na vida” e ter maior status na
sociedade.
Esta busca de supremacia
representa a disputa pelo poder, reinante em todas relações sociais e não só na política partidária,
havendo o uso de alegação como “os meios justificam os fins” para adoção de
atitudes antiéticas e que só visam derrubar as outras pessoas para se manter no
“poder”, mesmo que este seja efêmero ou até ilusório.
Conforme a ótica do sistema
vigente, o ter é mais importante do que o ser, ou seja, as pessoas sempre estão
querendo ampliar seus bens, o que leva ao acirramento da competição humana na
tentativa de galgar espaços profissional e social.
É importante salientar que
este blogueiro não defende a ideia que as pessoas não sejam valorizadas pelo
seu desempenho individual, porém não pode ser admitida a falta de respeito às
demais pessoas na busca de conquistas e ganho, como se vê atualmente em diversas
situações.
Como passo de mudança,
verifica-se a necessidade de incentivar, a cooperação e a solidariedade entre
as pessoas, o que fará que a competição desleal e desumana fique em segundo
plano, possibilitando a construção de novo formato de relacionamento humano,
que contribuirá no surgimento de uma sociedade justa e fraterna, na qual haja valorização
das ações coletivas com maior vigor.
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