A evolução da problemática dos
resíduos sólidos (comumente denominado lixo) se encontra diretamente ligada com
a organização histórica da sociedade humana, havendo, nos primórdios da
civilização, uma relação equilibrada com a natureza e por sua característica
nômade, observa-se uma minimização dos impactos gerados pelos resíduos, que
eram caracterizados basicamente como orgânicos e constituídos dos restos de
alimentações.
Com
o surgimento e crescimento das cidades, observa-se que vão se registrando
problemas decorrentes da geração do lixo, diante o desenvolvimento das
atividades comerciais, e, posteriormente, com o aceleramento de tais problemas
com o processo da Revolução Industrial e o êxodo da população rural para os
centros urbanos, com o lixo mudando sua caraterística ao longo do tempo,
culminando, atualmente, em uma grande quantidade de resíduos descartáveis.
A
gestão dos resíduos sólidos se tornou paulatinamente em um dos maiores desafios
das administrações municipais, visto o acúmulo dos problemas, lembrando que,
anteriormente, a questão do lixo não fazia parte das prioridades das
prefeituras, o que ocasionou o surgimento de diversos lixões, muitos dos quais
ainda continuam provocando danos socioambientais apesar de estarem desativados.
Apesar de ser uma atribuição
municipal, observa-se a terceirização generalizada dos serviços de limpeza
urbana em grande parte dos municípios brasileiros, notadamente naqueles de
médio e grande porte, baseando-se na ideia que tal terceirização oferecia
melhores condições para solucionar os entraves, incluindo a agilidade para aquisição
de veículos e equipamentos, contudo, não se observa, na realidade, a melhoria da
qualidade dos serviços prestados.
Com a terceirização, nota-se, anos
após anos, o aumento dos custos dos serviços, mantendo o lucro das empresas
privadas, sendo verificada uma padronização do uso de veículos de grande porte,
que por apresentarem dificuldades de acesso em determinadas áreas proporciona o
lançamento irregular de resíduos por parte da população.
Em busca de evitar que o lixo continue
sendo lançado sem controle nas vias públicas e terrenos baldios, as
administrações de muitos municípios desenvolvem campanhas educativas, cujos
resultados ainda não foram satisfatórios, por seu caráter pouco didático, que
partiam do princípio da culpabilidade individual pelos problemas e não
aprofundavam as deficiências das políticas públicas do setor, com mensagens como
“povo limpo é povo desenvolvido”, “povo educado não joga lixo na rua” e ”olha a
cara de quem joga lixo nas ruas”, a qual assemelhava as pessoas com um porco. .
Diante a continuidade da problemática
do lixo, vem sendo aprovadas, nos últimos meses, leis punitivas em várias
cidades brasileiras, a serem aplicadas sobre pessoas que efetuem o descarte inadequado
do lixo, buscando, através de multas, diminuir a quantidade de resíduos sólidos
lançados inadequadamente.
A lógica da aplicação das multas
individuais pelo descarte de lixo se baseia na já referida culpabilidade
individual sem aprofundamento de outras causas para o problema, incluindo a
descontinuidade das ações educativas, cujos materiais produzidos geralmente são
genéricos, não considerando a realidade de cada localidade, o que inibe o desenvolvimento
da capacidade reflexiva das pessoas sobre o tema.
A ineficiência das ações educativas se
tornam latente no tocante a reciclagem dos resíduos sólidos, apesar do discurso
oficial de vários gestores sobre a importância da política dos 3 R´s (reduzir,
reutilizar e reciclar), se observando, ainda, uma contradição na prática por parte das prefeituras que vem celebrando
contratos para efetuar o transporte do lixo para aterros privatizados, cujo
lucro depende da quantidade de resíduos ali depositados e que não são
reaproveitados.
A falta de incentivo à implantação de
programas de coleta seletiva e reciclagem representa, em muitos municípios,
outro fator que favorece o descarte inadequado dos resíduos sólidos, além de
não contribuir com a inclusão social dos(as) catadores(as) de materiais
recicláveis, como determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, já que
essas pessoas são fundamentais para que tais programas obtenham êxito.
A situação demonstra a necessidade de
serem encontradas soluções que possam proporcionar uma melhor qualidade de vida
para população e menores riscos de danos ambientais com a geração de resíduos sólidos,
que, acima de tudo, depende da mudança de hábitos e costumes dos seres humanos, que depende, notadamente, da redução do nível de consumismo ora existente na sociedade.
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ResponderExcluirUm artigo muito elucidativo e pertinente pela clareza e visão crítica da problemática dos resíduos sólidos. A educação ambiental e a mudança das políticas públicas serão fatores decisivos para minimizar, este que será o grande desafio das sociedades modernas.
ResponderExcluirA terceirização tem que ser combatida de forma pratica,um fator que depende do Funconalismo publico e sua visão da função,pois o modelo atual(do Recife)onde atuei e fechado de caciquismo e lixologos de fundo corporativo sem beneficio pra sociedade,levando a mesma acréditar na privatização como antidoto(Josa)
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