Como em anos anteriores,
diversas instituições públicas, privadas e não governamentais veem realizando,
desde o dia 01 de junho, eventos comemorativos a “Semana do Meio Ambiente” (que
em alguns casos se estendem por todo mês), já que no dia 05 de junho é
celebrado o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, objetivando incentivar a ampliação
de práticas voltadas à preservação ambiental.
Neste contexto, é interessante verificar
se tal objetivo vem se concretizando, avaliando se ocorreram mudanças nas ações
humanas no tocante ao relacionamento com meio ambiente, ou seja, se foram
proporcionadas novas condições para um desenvolvimento sustentável no âmbito da
sociedade a partir de eventos de anos anteriores.
De imediato, se observa que grande parte
das instituições concentram seus eventos em prol do meio ambiente no mês de
junho, só realizando, no restante do ano, eventos em determinadas datas
específicas em cumprimento de um calendário oficial, não contribuindo assim com
a mudança de práticas que garantam uma real sustentabilidade socioambiental.
Este quadro deixa evidente a falta de
programa de educação ambiental em muitas organizações, notadamente naquelas do
setor público, havendo, na realidade, a execução de ações pontuais e
esporádicas, cujos resultados são incipientes, visto que não há uma prioridade
política para o referido setor, prejudicando, portanto, o desenvolvimento de
atividades permanentes que levem a transformação humana no tratamento das questões
do meio ambiente.
A situação acima não possibilita a
minimização dos problemas ambientais, já que a falta de ações educativas
continuadas impedem a mudança completa de hábitos das pessoas e a ampliação da
consciência tanto do ponto de vista individual e como coletivo no sentido do
envolvimento de outros segmentos sociais, além das organizações não
governamentais, na preservação do meio ambiente, através da inclusão do tema
ambiental na agenda dos mesmos.
Não há como se pensar em defesa do
meio ambiente sem que ocorra o combate das mazelas implantadas pelo capitalismo,
entre as quais o consumismo e o individualismo, que provocam o uso inadequado
dos recursos naturais e agressões ambientais, que provocam riscos para o futuro
não só da natureza como também para própria humanidade.
Vê-se, então, a necessidade da
abordagem das questões sociais e econômicas da sociedade entre as temáticas de
cada programa ambiental, pois, caso contrário, não haverá a oferta de condições
para o público alvo de determinada ação educativa rever posturas e se envolver
concretamente na busca de mecanismos que contribuam para transformação de
práticas coletivas no sentido do uso sustentável dos recursos naturais e
transformação das relações humanas.
É importante ressaltar que a opção do
“ter’ e não do “ser” proporciona um relacionamento doentio com o meio ambiente,
visto a concepção de manutenção do status quo de uma elite social, através da
ampliação dos bens econômicos, levando, inclusive, a apropriação insustentável
dos recursos naturais, assim como a maioria dos seres humanos mantem um consumo
desenfreado em busca de uma satisfação pessoal imposta por uma doutrinação
capitalista.
Logicamente que não cabe afirmar que
as pessoas não possam satisfazer seus desejos, porém não é aceitável que tal
satisfação provoque colapsos ambientais, como se vê na atualidade no caso da
crise hídrica, devastação de recursos florestais, extinção de espécies animais,
lançamento e disposição inadequados de resíduos, emissão de poluentes, entre
outros problemas que afetam o meio ambiente.
Entendendo que a preservação ambiental
e o uso sustentável dos recursos naturais dependem do envolvimento e
participação de pessoas conscientes de seu papel na sociedade, logo as ações de
educação ambiental devem contribuir para ampliação do nível de cidadania e que
não será ocorrerá só com ações esporádicas como as realizadas na “Semana do
Meio Ambiente”.
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