segunda-feira, 11 de julho de 2016

Democracia brasileira frente o atual movimento reacionário

Após um período de paralisação, devido ao falecimento de minha mãe, estamos retornando a postagem do Blog, aguardando os comentários julgados  necessários.
Acompanhando o acirramento das desavenças partidárias no Brasil, que culminou com o  afastamento temporário da Presidenta da República, verifica-se  a ampliação de ações reacionárias de pessoas e grupos  no âmbito da sociedade, além de  uma atuação mais incisiva da bancada conservadora no Congresso Nacional, que apoia totalmente o atual governo provisório, no sentido de elaboração de propostas de modificações da legislação para supressão ou impedimento de direitos sociais e da classe trabalhadora.
 É lógico que tal situação não se torna visível caso as observações sejam baseadas em informações dos rádios, televisões e jornais, pois a maioria de tais  meios de comunicações procuram manter o “status quo” de uma sociedade dita “democrática” e qualquer ato  discriminatório passa ser divulgado como excepcional e que não retrata a realidade vivida no Brasil, aliás como sempre ocorreu.
Contudo o mundo cor de rosa brasileiro é algo irreal, no qual se observa que aquelas pessoas consideradas diferentes por uma chamada  “elite social” ocorrem riscos e ameaças permanentes, porque fogem ao padrão estabelecido no seio da sociedade, centrado em conceitos ocidentais e valorização de uma cultura elitista e excludente.
O momento brasileiro é de imensa preocupação, pois o país caminha para um retrocesso visto o perfil das forças políticas que tomaram o poder recentemente, naquilo que se pode  denominar de golpe parlamentar, possibilitando ampliar as condições para pessoas e grupos que almejam  voltar e manter o processo de exclusão de um grande segmento da população, que para os mesmos  “nunca deveriam ter saído das senzalas”, se alastrando ações diretas de discriminações,  antes  expressadas de uma forma mais sutil, que poderão causar sérios riscos para democracia brasileira, caso não sejam combatidas vigorosamente.
Logicamente que esta postagem não terá aceitabilidade unânime, mais caso qualquer pessoa faça uma leitura isenta, verificará que, nos últimos meses, vem, por exemplo, crescendo a matança de jovens negros em todo país, que decorre da ideia preconceituosa que tais jovens possuem o estigma de serem marginais devido a cor da pele e logo deveriam ser eliminados.
Dentro da sociedade e do Congresso Nacional tem-se aqueles  que defendem o fim das cotas raciais, alegando que o problema do Brasil é social e não racial, como se tal separação fosse possível ser realizada, esquecendo  que o povo negro é majoritariamente a camada mais excluída socialmente.
A análise da agenda do Congresso Nacional, construída pela bancada  conservadora, mostra a tendência do aprofundamento maior da cisão na sociedade, pois há diversos projetos de leis que se opõe qualquer forma de avanço nas relações sociais, como a definição aprovada na Comissão Especial do Estatuto da Família do conceito sobre  “família”, que seria o casamento ou união estável de um homem e uma mulher, buscando criar obstáculos para legalização dos relacionamentos homoafetivos, violando tratados internacionais, além do preocupante risco crescente de violência contra o segmento homoafetivo, tanto por ações físicas como psicológicas, como as pregações do tipo  “cura gay” por parte de religiões e pessoas que se autodenominam  “cristãs”.
Verifica-se ainda na pauta do Congresso Nacional, a proposta de retirada da laicidade como doutrina do estado brasileiro, que  caso seja aprovada irá afetar diretamente as religiões afro-brasileiras, cujos rituais e  membros já são seriamente discriminados diariamente, pois só serão consideradas como religião aquelas que professarem a fé judaico-cristã, salientando como exemplo de tal discriminação que o centro ecumênico da vila olímpica da Rio/2016 já não abriu espaços para tais religiões.                   
A formação de um ministério constituído  exclusivamente por homens por parte do governo provisório, demonstra a visão  da participação passiva das mulheres na sociedade, abrindo espaços para os ideais machistas e, consequentemente, da soberania masculina, que tanto mal já causou e continua causando diante os atos de preconceito e violência que as mesmas sofrem no dia a dia.
Esta postagem poderia citar ainda fatos como a  xenofobia contra o povo nordestino nas regiões do sul,  demonstrando a necessidade da criação de mecanismos de reação por parte da sociedade em busca de mudanças da atual situação, ressaltando que os atos de discriminações  e preconceitos atingem diretamente a democracia brasileira já fragilizada pelos recentes acontecimentos políticos, devendo tais mecanismos serem construídos de coletivamente em todas esferas das relações sociais.

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