quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Ditadura do saber
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.” Guimarães Rosa.
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Paulo Freire.
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Paulo Freire.
Estou iniciando este artigo com as frases destes dois grandes brasileiros, buscando levantar um debate sobre a “ditadura do saber”, ou seja, pessoas que, por possuir formação escolar, julgam ter maior capacidade, e querem ter poderes sobre outras pessoas de nível escolar inferior, e, podendo, então, definir os rumos em qualquer esfera de decisão.
Se olharmos para nosso lado, veremos essas pessoas agindo em diversos processos de interações, sem respeitar seus interlocutores, com atitudes arrogantes, que em nada contribui para o crescimento coletivo da sociedade.
Logicamente, que não estou defendendo a desvalorização do ensinamento escolar, mas cabe a quem possuir uma formação sabe respeitar os limites das outras pessoas, não se impondo e aceitando que tais pessoas apresentem idéias e sugestões melhores que a sua em qualquer espaço de debate.
Não podemos esquecer que só uma pequena parcela da população consegue terminar cursos superiores, contudo, encontramos milhares de pessoas que foram formadas na vida e na luta, que merecem serem respeitadas pelos seus conhecimentos e aptidões, que em algumas situações chegam superar o aprendizado nos cursos universitários.
Ressalto que na minha vida, tive oportunidade de manter relacionamento com homens e mulheres, analfabetos ou semi-analfabetos, que transmitiram conhecimentos sobre questões políticas, sociais, ambientais, entre outras, que, até o momento, não conseguir obter junto com determinadas pessoas, que se consideram “doutores” ou “doutoras”.
A ditadura do saber se encontra associada com a lógica do capitalismo, onde a elite que reinar sobre os demais setores da sociedade, os vendo com seres inferiores, mantendo-os excluídos e sem poder de decisão.
Diariamente, podemos observar a “ditadura do saber” na elaboração e implantação de projetos por parte de alguns técnicos, que não se dispõem em discutir com os diretamente interessados, não os incluindo nas diversas etapas, a partir da concepção de tais projetos.
Compreendo que a superação da elitização do conhecimento é o diferencial que podemos ter para que determinados projetos e ações não se tornem irreais durante sua implantação, já que a obtenção de sugestões junto a população, criar condições para o casamento dos conhecimentos teóricos com os práticos, ressaltando que ambos são essenciais no nosso dia a dia.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Pensando no Haiti
Tragédia. Devastação. Sofrimento. Não há palavras que possa expressar o que vem ocorrendo com a população do Haiti devido os tremores de terra da semana passada. As cenas vistas pela televisão demonstram que aquele povo vem passando por uma situação de calamidade, necessitando da solidariedade mundial para minimizar o caos ali implantado.
Compreendendo que qualquer fato, positivo ou negativo, sempre nos traz oportunidades de avaliações e mudanças, vejo que a catástrofe do Haiti apresenta um momento de reflexão, onde a sociedade mundial poderá tomar outros rumos na busca de soluções coletivas, que atenda o interesse da maioria da humanidade, diminuindo a faixa de separação entre ricos e pobres.
Hoje, com a divulgação da mídia, o mundo toma conhecimento da História do Haiti, que foi o primeiro país do Continente a realizar uma independência completa, ficando livre da colonização francesa e abolindo a escravidão de negros e negras. Após a declaração de independência, o Haiti sofreu o bloqueio de países europeus e dos Estados Unidos, sendo obrigado a pagar uma indenização milionária para França para se livrar de tal bloqueio.
Além de, ainda, ter passado um período sobre julgo norte americano em pleno século XX, o Haiti sofreu sobre o domínio de ditadores, governos corruptos e atos de grupos para-militares, culminando com a ocupação do país por de forças militares da ONU, que, atualmente, tem o comando do Exército do Brasil. Esta ocupação recebe críticas pela violação dos direitos de autodeterminação do povo haitiano, salientando que mais de 90% é de origem africana, o que pode ser comprovado pelas imagens das reportagens das emissoras de televisão, onde só vê negros e negras desabrigados nas ruas e nos meios dos destroços.
Verifica-se que a História do Haiti, ocasionou a elevação do estado de pobreza e miséria da população, onde 67% estar abaixo da linha da pobreza. Não se pode esquecer que, anteriormente ao terremoto, a população pobre do país foi a que mais se encontrava sofrendo com os efeitos decorrentes do processo de mudanças climáticas, como enchentes e tempestades tropicais.
A situação da população haitiana, divulgada mundialmente, deixa latente a miséria ali existente, onde, mesmo antes da catástrofe, persistia a falta de serviços de infra-estrutura, sendo o Haiti considerado o país mais pobre da América, estando colocando na149ª posição da classificação dos países de acordo como IDH- Índice de Desenvolvimento humano, uma lista de 182 países, se encontrando na frente apenas de países africanos e e do Afeganistão.
O povo haitiano vem mantendo o espírito de solidariedade, apesar do sofrimento pela catástrofe, o que pode ser comprovado pela busca permanente de sobreviventes entre os destroços do terremoto.
Analisando a história do povo haitiano, verificamos que a mesma é constituída de um processo de lutas pelos seus direitos, buscando sempre vencer as barreiras que tiveram pela frente, como a opressão política e a exclusão social, incluindo a descriminação racial e intolerância religiosa, logo, temos a certeza e a esperança que aquele povo encontrará forças para vencer este novo obstáculo, tornando-se protagonistas de suas vidas.
Concluindo, julgamos fundamental ajuda mundial para população do Haiti, porém cabe perguntar por que os países mais ricos também não se mobilizam para solucionar a grande catástrofe da fome que assola milhares de pessoas do planeta? não é interessante pensar um pouco sobre esta questão? qual os interesses que estão em jogo para manter milhares de pessoas excluídas socialmente?
Compreendendo que qualquer fato, positivo ou negativo, sempre nos traz oportunidades de avaliações e mudanças, vejo que a catástrofe do Haiti apresenta um momento de reflexão, onde a sociedade mundial poderá tomar outros rumos na busca de soluções coletivas, que atenda o interesse da maioria da humanidade, diminuindo a faixa de separação entre ricos e pobres.
Hoje, com a divulgação da mídia, o mundo toma conhecimento da História do Haiti, que foi o primeiro país do Continente a realizar uma independência completa, ficando livre da colonização francesa e abolindo a escravidão de negros e negras. Após a declaração de independência, o Haiti sofreu o bloqueio de países europeus e dos Estados Unidos, sendo obrigado a pagar uma indenização milionária para França para se livrar de tal bloqueio.
Além de, ainda, ter passado um período sobre julgo norte americano em pleno século XX, o Haiti sofreu sobre o domínio de ditadores, governos corruptos e atos de grupos para-militares, culminando com a ocupação do país por de forças militares da ONU, que, atualmente, tem o comando do Exército do Brasil. Esta ocupação recebe críticas pela violação dos direitos de autodeterminação do povo haitiano, salientando que mais de 90% é de origem africana, o que pode ser comprovado pelas imagens das reportagens das emissoras de televisão, onde só vê negros e negras desabrigados nas ruas e nos meios dos destroços.
Verifica-se que a História do Haiti, ocasionou a elevação do estado de pobreza e miséria da população, onde 67% estar abaixo da linha da pobreza. Não se pode esquecer que, anteriormente ao terremoto, a população pobre do país foi a que mais se encontrava sofrendo com os efeitos decorrentes do processo de mudanças climáticas, como enchentes e tempestades tropicais.
A situação da população haitiana, divulgada mundialmente, deixa latente a miséria ali existente, onde, mesmo antes da catástrofe, persistia a falta de serviços de infra-estrutura, sendo o Haiti considerado o país mais pobre da América, estando colocando na149ª posição da classificação dos países de acordo como IDH- Índice de Desenvolvimento humano, uma lista de 182 países, se encontrando na frente apenas de países africanos e e do Afeganistão.
O povo haitiano vem mantendo o espírito de solidariedade, apesar do sofrimento pela catástrofe, o que pode ser comprovado pela busca permanente de sobreviventes entre os destroços do terremoto.
Analisando a história do povo haitiano, verificamos que a mesma é constituída de um processo de lutas pelos seus direitos, buscando sempre vencer as barreiras que tiveram pela frente, como a opressão política e a exclusão social, incluindo a descriminação racial e intolerância religiosa, logo, temos a certeza e a esperança que aquele povo encontrará forças para vencer este novo obstáculo, tornando-se protagonistas de suas vidas.
Concluindo, julgamos fundamental ajuda mundial para população do Haiti, porém cabe perguntar por que os países mais ricos também não se mobilizam para solucionar a grande catástrofe da fome que assola milhares de pessoas do planeta? não é interessante pensar um pouco sobre esta questão? qual os interesses que estão em jogo para manter milhares de pessoas excluídas socialmente?
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
As imagens de Boris Casoy entre nós
No último dia do ano, dois garis apresentaram, na Rede Bandeirantes, uma mensagem com votos de feliz ano novo e, em seguida, graças a um áudio ligado durante o intervalo do Jornal da Band, pode ser ouvido o seguinte comentário do jornalista Boris Casoy: "Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho", fato que chamou atenção de diversas pessoas.
Qual o significado desse comentário? Que aprendizado pode ser tirado? Representa um fato isolado na sociedade que vivemos?
Antes de mais nada, o comentário retrata o preconceito do jornalista contra uma categoria profissional que tem presta serviços fundamentais para população, devendo ser repudiado pela sociedade de forma categórica.
O pedido de desculpas, ocorrido na edição do Jornal do dia seguinte, ocorreu de forma fria e formal, não modificando nada do que foi dito anteriormente, pois o áudio ligado deu oportunidade de demonstrar a nitidez da concepção de Boris Casoy sobre a categoria dos garis, merecendo total repúdio e, plagiando o prórprio jornalista, poderíamos dizer: "Isso é uma vergonha!".
Pessoalmente, registro que já mantive convivência direta com garis durante o desempenho de atividades profissionais nas Prefeituras de Olinda e Recife, verificando que eles (elas) executam atividades que deveriam ter maior valorização, devido sua importância para preservação ambiental e da saúde pública, devido os problemas que podem ser gerados pelo lixo.
Repudiamos o pensamento de Boris Casoy, porém não podemos esquecer que o mesmo não é um fato isolado, pois outras pessoas têm preconceito contra essa categoria profissional, não reconhecendo sua importância social e para isto basta observar que já ouvimos, em diversas ocasiões, comentários do tipo: “menino se você não estudar, vai acabar varrendo rua”. Ou isto, também, não é uma forma de preconceito?
O comentário de Boris Casoy nos dá uma oportunidade de observar que o preconceito é uma marca na sociedade, apesar de muitas pessoas desejarem empurrar tal situação para debaixo do tapete, não querendo ver a realidade que nos cerca e acompanha diariamente.
Verificamos, infelizmente, práticas de discriminações sociais, como no caso de Boris Casoy, raciais, religiosas, entre outras, tornando as relações artificiais e sem consistência, faltando respeito e, principalmente, amor nas relações humanas.
Do ponto de vista social, levantamos algumas questões para serem refletidas por cada leitor ou leitora deste Blog:
- Qual a diferença do pensamento de Boris Casoy para a prática da proibição das empregadas domésticas utilizarem o elevador social em muitos condomínios? Elas, nestes casos, são consideradas como o que?
- Qual tratamento é dado as pessoas que trabalham em muitos condomínios? Elas são valorizadas como seres humanos?
- Que tratamento é dado aos empregados que prestam serviços no nosso local de trabalho? Tratamos todos e todas por igual, independente de ser diretor, motorista, vigilante, responsável pela limpeza, etc?
- Que ensinamentos repassamos diariamente para filhos e filhas sobre esta questão? Valorizamos suas relações com pessoas de poder aquisitivo inferior ao da nossa família?
Respondendo as questões acima e outras semelhantes, observaremos que existem diversos exemplos de ações preconceituosas nas relações diárias, e que merecem nosso repúdio, assim como devemos fazer com o jornalista Boris Casoy, pois do contrário, nunca conseguiremos construir uma sociedade fraterna e justa.
Cabe lembrar que a discriminação de Boris Casoy com referência aos garis, decorre da visão que a elite tem da sociedade, se achando superior aos demais segmentos sociais, buscando manter uma relação semelhante aquelas do período da escravidão, com a camada explorada permanecendo em eterna senzala.
Esta situação só deverá tomar novos rumos quando as pessoas exploradas e discriminadas tomarem consciência da necessidade de se organizarem coletivamente e juntas realizarem as mudanças nas relações sociais, derrubando a estrutura de exploração da sociedade capitalista, assumindo seu papel de classe trabalhadora, que é a principal responsável pelas grandes transformações que vivemos no mundo.
Bem até que alcançamos este estágio, continuamos apelando que o áudio, ligados em intervalos comerciais, nos dê oportunidade de ouvir comentários como do tipo de Boris Casoy, proporcionando o debate sobre o assunto, onde cada pessoa poderá vê se tem ou não práticas preconceituosas semelhantes.
Qual o significado desse comentário? Que aprendizado pode ser tirado? Representa um fato isolado na sociedade que vivemos?
Antes de mais nada, o comentário retrata o preconceito do jornalista contra uma categoria profissional que tem presta serviços fundamentais para população, devendo ser repudiado pela sociedade de forma categórica.
O pedido de desculpas, ocorrido na edição do Jornal do dia seguinte, ocorreu de forma fria e formal, não modificando nada do que foi dito anteriormente, pois o áudio ligado deu oportunidade de demonstrar a nitidez da concepção de Boris Casoy sobre a categoria dos garis, merecendo total repúdio e, plagiando o prórprio jornalista, poderíamos dizer: "Isso é uma vergonha!".
Pessoalmente, registro que já mantive convivência direta com garis durante o desempenho de atividades profissionais nas Prefeituras de Olinda e Recife, verificando que eles (elas) executam atividades que deveriam ter maior valorização, devido sua importância para preservação ambiental e da saúde pública, devido os problemas que podem ser gerados pelo lixo.
Repudiamos o pensamento de Boris Casoy, porém não podemos esquecer que o mesmo não é um fato isolado, pois outras pessoas têm preconceito contra essa categoria profissional, não reconhecendo sua importância social e para isto basta observar que já ouvimos, em diversas ocasiões, comentários do tipo: “menino se você não estudar, vai acabar varrendo rua”. Ou isto, também, não é uma forma de preconceito?
O comentário de Boris Casoy nos dá uma oportunidade de observar que o preconceito é uma marca na sociedade, apesar de muitas pessoas desejarem empurrar tal situação para debaixo do tapete, não querendo ver a realidade que nos cerca e acompanha diariamente.
Verificamos, infelizmente, práticas de discriminações sociais, como no caso de Boris Casoy, raciais, religiosas, entre outras, tornando as relações artificiais e sem consistência, faltando respeito e, principalmente, amor nas relações humanas.
Do ponto de vista social, levantamos algumas questões para serem refletidas por cada leitor ou leitora deste Blog:
- Qual a diferença do pensamento de Boris Casoy para a prática da proibição das empregadas domésticas utilizarem o elevador social em muitos condomínios? Elas, nestes casos, são consideradas como o que?
- Qual tratamento é dado as pessoas que trabalham em muitos condomínios? Elas são valorizadas como seres humanos?
- Que tratamento é dado aos empregados que prestam serviços no nosso local de trabalho? Tratamos todos e todas por igual, independente de ser diretor, motorista, vigilante, responsável pela limpeza, etc?
- Que ensinamentos repassamos diariamente para filhos e filhas sobre esta questão? Valorizamos suas relações com pessoas de poder aquisitivo inferior ao da nossa família?
Respondendo as questões acima e outras semelhantes, observaremos que existem diversos exemplos de ações preconceituosas nas relações diárias, e que merecem nosso repúdio, assim como devemos fazer com o jornalista Boris Casoy, pois do contrário, nunca conseguiremos construir uma sociedade fraterna e justa.
Cabe lembrar que a discriminação de Boris Casoy com referência aos garis, decorre da visão que a elite tem da sociedade, se achando superior aos demais segmentos sociais, buscando manter uma relação semelhante aquelas do período da escravidão, com a camada explorada permanecendo em eterna senzala.
Esta situação só deverá tomar novos rumos quando as pessoas exploradas e discriminadas tomarem consciência da necessidade de se organizarem coletivamente e juntas realizarem as mudanças nas relações sociais, derrubando a estrutura de exploração da sociedade capitalista, assumindo seu papel de classe trabalhadora, que é a principal responsável pelas grandes transformações que vivemos no mundo.
Bem até que alcançamos este estágio, continuamos apelando que o áudio, ligados em intervalos comerciais, nos dê oportunidade de ouvir comentários como do tipo de Boris Casoy, proporcionando o debate sobre o assunto, onde cada pessoa poderá vê se tem ou não práticas preconceituosas semelhantes.
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