quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As imagens de Boris Casoy entre nós

No último dia do ano, dois garis apresentaram, na Rede Bandeirantes, uma mensagem com votos de feliz ano novo e, em seguida, graças a um áudio ligado durante o intervalo do Jornal da Band, pode ser ouvido o seguinte comentário do jornalista Boris Casoy: "Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho", fato que chamou atenção de diversas pessoas.
Qual o significado desse comentário? Que aprendizado pode ser tirado? Representa um fato isolado na sociedade que vivemos?
Antes de mais nada, o comentário retrata o preconceito do jornalista contra uma categoria profissional que tem presta serviços fundamentais para população, devendo ser repudiado pela sociedade de forma categórica.
O pedido de desculpas, ocorrido na edição do Jornal do dia seguinte, ocorreu de forma fria e formal, não modificando nada do que foi dito anteriormente, pois o áudio ligado deu oportunidade de demonstrar a nitidez da concepção de Boris Casoy sobre a categoria dos garis, merecendo total repúdio e, plagiando o prórprio jornalista, poderíamos dizer: "Isso é uma vergonha!".
Pessoalmente, registro que já mantive convivência direta com garis durante o desempenho de atividades profissionais nas Prefeituras de Olinda e Recife, verificando que eles (elas) executam atividades que deveriam ter maior valorização, devido sua importância para preservação ambiental e da saúde pública, devido os problemas que podem ser gerados pelo lixo.
Repudiamos o pensamento de Boris Casoy, porém não podemos esquecer que o mesmo não é um fato isolado, pois outras pessoas têm preconceito contra essa categoria profissional, não reconhecendo sua importância social e para isto basta observar que já ouvimos, em diversas ocasiões, comentários do tipo: “menino se você não estudar, vai acabar varrendo rua”. Ou isto, também, não é uma forma de preconceito?
O comentário de Boris Casoy nos dá uma oportunidade de observar que o preconceito é uma marca na sociedade, apesar de muitas pessoas desejarem empurrar tal situação para debaixo do tapete, não querendo ver a realidade que nos cerca e acompanha diariamente.
Verificamos, infelizmente, práticas de discriminações sociais, como no caso de Boris Casoy, raciais, religiosas, entre outras, tornando as relações artificiais e sem consistência, faltando respeito e, principalmente, amor nas relações humanas.
Do ponto de vista social, levantamos algumas questões para serem refletidas por cada leitor ou leitora deste Blog:
- Qual a diferença do pensamento de Boris Casoy para a prática da proibição das empregadas domésticas utilizarem o elevador social em muitos condomínios? Elas, nestes casos, são consideradas como o que?
- Qual tratamento é dado as pessoas que trabalham em muitos condomínios? Elas são valorizadas como seres humanos?
- Que tratamento é dado aos empregados que prestam serviços no nosso local de trabalho? Tratamos todos e todas por igual, independente de ser diretor, motorista, vigilante, responsável pela limpeza, etc?
- Que ensinamentos repassamos diariamente para filhos e filhas sobre esta questão? Valorizamos suas relações com pessoas de poder aquisitivo inferior ao da nossa família?
Respondendo as questões acima e outras semelhantes, observaremos que existem diversos exemplos de ações preconceituosas nas relações diárias, e que merecem nosso repúdio, assim como devemos fazer com o jornalista Boris Casoy, pois do contrário, nunca conseguiremos construir uma sociedade fraterna e justa.
Cabe lembrar que a discriminação de Boris Casoy com referência aos garis, decorre da visão que a elite tem da sociedade, se achando superior aos demais segmentos sociais, buscando manter uma relação semelhante aquelas do período da escravidão, com a camada explorada permanecendo em eterna senzala.
Esta situação só deverá tomar novos rumos quando as pessoas exploradas e discriminadas tomarem consciência da necessidade de se organizarem coletivamente e juntas realizarem as mudanças nas relações sociais, derrubando a estrutura de exploração da sociedade capitalista, assumindo seu papel de classe trabalhadora, que é a principal responsável pelas grandes transformações que vivemos no mundo.
Bem até que alcançamos este estágio, continuamos apelando que o áudio, ligados em intervalos comerciais, nos dê oportunidade de ouvir comentários como do tipo de Boris Casoy, proporcionando o debate sobre o assunto, onde cada pessoa poderá vê se tem ou não práticas preconceituosas semelhantes.

Um comentário:

  1. moacir
    o fato é identico ao da parabolica do ricupero, quando ministro da fazenda nos idos de 1994 nascimento do real só deve aparecer o que interessa a elite: mulçumano terrorista, negros bandidos e etc. no mais não pode algemar de paletó e colarinho branco, boris casoi não é uma vergonha não ele é uma farsa com seus comentários moralistas

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