domingo, 30 de maio de 2010

Blog de Ademir Damião: 05 de junho

Blog de Ademir Damião: 05 de junho

05 de junho

Estamos chegando ao dia 05 de junho, denominado “Dia Mundial do Meio Ambiente”, onde, novamente, em diversas partes do Planeta, diversos grupos sociais se mobilizarão para realizar eventos voltados para questões ambientais, sempre com objetivo de ampliar a consciência das pessoas sobre o tema e os problemas que assolam a humanidade.
Cada ano que se passa, observa-se a ampliação do número de atos de entidades governamentais e de diversos segmentos sociais, que já se estendem por toda semana e até pelo mês de junho em muitas cidades, demonstrando que o tema ambiental já vem fazendo parte da agenda de várias organizações pelo mesmo neste período.
Do ponto de vista global, posso afirmar que as comemorações do Dia no presente ano poderiam ter um significado mais positivo caso os resultados da COP-15 (15ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas das Nações Unidas), realizada em Copenhague no final de 2009, fossem diferenciados dos obtidos, que chegou ao final sem que a humanidade pudesse celebrar um tratado para minimizar os efeitos decorrentes das mudanças climáticas e do aquecimento global.

Na busca da obtenção de maiores lucros, vários grupos capitalistas mundiais e nacionais não se inibem em sugar os recursos naturais até o limite máximo, sem se preocupar que os mesmos sofram riscos permanentes de destruição, deixando bem atual a seguinte frase de Gandhi: "A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância".

Com a celebração do “Dia Mundial do Meio Ambiente”, deve ser ressaltado que o atual nível de consumo dos seres humanos é alarmante, levando a exploração demasiada de recursos naturais para produção de bens, que, em grande parte, são descartáveis ou tem tempo de vida útil limitado pela própria dinâmica da sociedade consumista, mantendo uma geração demasiada de resíduos, os quais não passam por um processo de reaproveitamento e reciclagem, sendo, em geral, depositados em locais inadequados.

Deve ser registrado que a visão de supremacia humana sobre a natureza nos levou ao atual estágio, no qual o meio ambiente sofre os efeitos negativos da ação de grande parte dos seres humanos, que buscam se apropriar dos recursos naturais, efetuando uma exploração irracional e sem limitações, ocasionando poluição e destruição de rios, mangues, matas, florestas, entre outros recursos, cujo resultado final será o risco de extinção da própria raça humana., acrescentando que tal visão leva as pessoas a viverem na busca da conquista de interesses individuais em detrimento aos interesses da coletividade.

Compreendo que há necessidade da reversão do atual quadro de degradação com máxima urgência, e para tanto, torna-se fundamental que seja ampliada a consciência ambiental das pessoas, que passa pela realização de trabalhos educativos permanentes e não pontuais como ocorre na maioria dos casos que observamos na atualidade.

Estes trabalhos educativos devem ser norteados pela utilização de instrumentos que respeitem a cultura e história da população envolvida, ressaltando, ainda, que os projetos e as ações implantados pelo poder público devem ser construídos com a contribuição da sociedade em todas suas etapas, fortalecendo a participação popular e contribuindo na construção de uma cidadania realmente ativa.

Entendo que os eventos do ”Dia Mundial do Meio Ambiente” nos traz um alento de que o agendamento do tema ambiental seja um compromisso diário de toda sociedade em um futuro próximo, o que nos levará as mudanças de hábitos de vida das pessoas, superando o modelo individualista e consumista e partindo para um estilo diferenciado de vida, onde haja a valorização da coletividade e do meio ambiente através de ações sustentáveis, garantindo a continuidade da espécie humana no Planeta.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Blog de Ademir Damião: 13 de maio não é dia de negro e de negra

Blog de Ademir Damião: 13 de maio não é dia de negro e de negra

13 de maio não é dia de negro e de negra



Em 13 de maio de 1888, a Princesa Izabel assinou a “Lei Áurea”, pela qual determinava a abolição da escravatura no Brasil, fato. que durante muitos anos, a história oficial procurou mostrar como uma bondade da governante, que foi denominada de “A Redentora”.
O ato da abolição não proporcionou condições para que a população afro-brasileira pudesse se adequar a uma nova realidade de vida, levando-a a continuar vivendo em regime de exclusão econômica e social, acrescentando que a Lei Áurea não proporcionou a criminalização daqueles que constituíram a escravidão no país e pagamento por parte de indenização ao povo negro pelo período de escravidão no Brasil.
Ressalte-se, ainda, que o Brasil foi o último país americano a libertar os escravos e a abolição da escravatura também atendeu o interesse de grupos internacionais no sentido de concretizar a imigração no nosso país, através da vinda de mão de obra excedente de países europeus em substituição aos antigos escravos, consolidando o regime de exploração capitalista no país.  
A releitura da história do Brasil nos mostra que a liberdade do povo negro, que foi trazido do continente africano para viver em regime de escravidão, não ocorreu por pura bondade do governo imperial e da elite dominante da época, mas, principalmente, por muitas lutas populares no Brasil, como a permanente fuga dos negros e negras dos engenhos e fazendas, com a formação dos quilombos, como foi o caso do Quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu maior líder, além da Revolta dos Malês na Bahia,  a Cabanagem no Pará, a Revolta dos Balaios no Maranhão, entre outras.
Atualmente, nós, afro-brasileiros, continuamos buscando a conquista de espaços na sociedade, diante o processo preconceito racial ainda reinante na sociedade apesar das tentativas de negação, onde se busca afirmar que tal problema não existe no Brasil e há igualdade de direitos para todas pessoas, verifica-se, na prática, que a população negra continua discriminada e relegada a segundo plano do ponto de vista econômico e social, bem como com referência a falta de respeito as suas manifestações culturais como o maracatu, afoxé e as religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda.
A maioria da população negra vive em estado de exclusão social e como diz a música do enredo de 1988 da Escola de Samba Mangueira, o negro ficou “livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”, permanecendo sem garantia de direitos essenciais para qualquer ser humano.
Diante desta contextualização, pode ser compreendido porque a militância dos movimentos negros afirma que “13 de maio não é dia de negro e de negra”, pois a data busca valorizar o ato da Princesa Izabel, esquecendo da luta do povo afro-brasileiro por sua libertação, fato que como vimos continua até hoje e, assim, defende que se deve celebrar e comemorar a data de 20 de novembro, denominado “Dia da Consciência Negra” em homenagem a Zumbi dos Palmares, morto em tal dia em 1695.
Finalizando, ressalto, como já afirmado em outra postagem, que há necessidade de se encarar os problemas decorrentes da discriminação do povo negro, buscando a conquista da democracia racial na sociedade brasileira, que, atualmente, não passa de utopia e discurso da elite dominante.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Blog de Ademir Damião: A mídia e os movimentos sociais

Blog de Ademir Damião: A mídia e os movimentos sociais

A mídia e os movimentos sociais

A sociedade brasileira vem passando por um momento que necessita de séria reflexão, diante da tentativa de criminalização dos movimentos que lutam por reforma agrária pelos meios de comunicações, como pode ser visto nas reportagens dos jornais, televisões e revistas, atendendo interesses de setores ligados aos grandes produtores rurais e ao setor do agronegócio.
Em uma ação orquestrada, classificam os e as participantes de tais movimentos como marginais, objetivando tirar o foco principal da questão, que é a necessidade de reforma agrária no país, já que milhares de pessoas vivem na miséria no campo, necessitando de uma distribuição de terra e se observa uma imensa quantidade de área improdutiva.
Os meios de comunicações buscam esconder a realidade de exclusão social no campo e para tanto, apregoam o direito de propriedade dos “donos de terra” e defendem a “CPI do MST”, mas não analisam a aquisição, em vários casos, de tais terras através de atos de grilagem, bem como os efeitos negativos sobre o meio ambiente, provocadas pelas atividades dos ruralistas e do agronegócio.
Compreendo que cada um de nós não pode aceitar a criminalização dos movimentos que lutam por reforma agrária, que também se estende para outros movimentos sociais, como pode ser observado na forma de cobertura que a mídia faz de qualquer passeata ou ato público, geralmente utilizando termos como baderna, bagunça, confusão e prejuízos sociais, entre outros.
Os grupos econômicos não aceitam ter seus interesses confrontados e utilizam de qualquer mecanismo para manter a situação inalterada dentro da ótica do capitalismo, querendo passar a imagem de harmonia e paz na sociedade e buscando esconder a luta de classes que se desenvolve no dia a dia, seja no campo como nas cidades.
Neste contexto, a mídia brasileira não tem imparcialidade na cobertura jornalística das ações dos movimentos sociais, pois como pertencem aos grandes grupos econômicos, estarão sempre defendendo os interesses do sistema capitalista, apesar de que as rádios e televisões são concessões do Estado.
Em contrapartida a tentativa de criminalização dos movimentos sociais, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) utilizou o lema “LUTAR NÃO É CRIME" durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária 2010, realizada no mês passado, denominado “Abril Vermelho”, em memória dos 22 integrantes do Movimento que foram assassinatos, em 1996, pela Polícia Militar do Pará, durante um protesto pacífico em Eldorado dos Carajás, naquele Estado.
Entendo que o lema do MST por si só diz tudo que deve ser mostrado nesta questão, ou seja, não se podem criminalizar pessoas que estão lutando por seus direitos básicos de vida, não aceitando permanecer como seres excluídos socialmente.
A criminalização dos movimentos sociais é, então, algo tenebroso e antidemocrático, já que busca manter o “status quo”, com a manutenção das mazelas do capitalismo, querendo calar a classe trabalhadora, para que ela não ofereça qualquer resistência e não se organize e lute contra a exploração dos grupos econômicos.
Além de uma leitura crítica que cada um de nós necessita realizar de tudo que for repassado pelos meios de comunicações sociais, devemos, ao mesmo tempo, fortalecer a luta pela democratização dos espaços na mídia, o que, naturalmente, não é uma tarefa fácil, devido os interesses que estão em jogo, mas para tanto, deve se pressionar o Poder Executivo e o Congresso Nacional, buscando mudança na atual legislação de concessões de rádio e televisão.