A sociedade brasileira vem passando por um momento que necessita de séria reflexão, diante da tentativa de criminalização dos movimentos que lutam por reforma agrária pelos meios de comunicações, como pode ser visto nas reportagens dos jornais, televisões e revistas, atendendo interesses de setores ligados aos grandes produtores rurais e ao setor do agronegócio.
Em uma ação orquestrada, classificam os e as participantes de tais movimentos como marginais, objetivando tirar o foco principal da questão, que é a necessidade de reforma agrária no país, já que milhares de pessoas vivem na miséria no campo, necessitando de uma distribuição de terra e se observa uma imensa quantidade de área improdutiva.
Os meios de comunicações buscam esconder a realidade de exclusão social no campo e para tanto, apregoam o direito de propriedade dos “donos de terra” e defendem a “CPI do MST”, mas não analisam a aquisição, em vários casos, de tais terras através de atos de grilagem, bem como os efeitos negativos sobre o meio ambiente, provocadas pelas atividades dos ruralistas e do agronegócio.
Compreendo que cada um de nós não pode aceitar a criminalização dos movimentos que lutam por reforma agrária, que também se estende para outros movimentos sociais, como pode ser observado na forma de cobertura que a mídia faz de qualquer passeata ou ato público, geralmente utilizando termos como baderna, bagunça, confusão e prejuízos sociais, entre outros.
Os grupos econômicos não aceitam ter seus interesses confrontados e utilizam de qualquer mecanismo para manter a situação inalterada dentro da ótica do capitalismo, querendo passar a imagem de harmonia e paz na sociedade e buscando esconder a luta de classes que se desenvolve no dia a dia, seja no campo como nas cidades.
Neste contexto, a mídia brasileira não tem imparcialidade na cobertura jornalística das ações dos movimentos sociais, pois como pertencem aos grandes grupos econômicos, estarão sempre defendendo os interesses do sistema capitalista, apesar de que as rádios e televisões são concessões do Estado.
Em contrapartida a tentativa de criminalização dos movimentos sociais, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) utilizou o lema “LUTAR NÃO É CRIME" durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária 2010, realizada no mês passado, denominado “Abril Vermelho”, em memória dos 22 integrantes do Movimento que foram assassinatos, em 1996, pela Polícia Militar do Pará, durante um protesto pacífico em Eldorado dos Carajás, naquele Estado.
Entendo que o lema do MST por si só diz tudo que deve ser mostrado nesta questão, ou seja, não se podem criminalizar pessoas que estão lutando por seus direitos básicos de vida, não aceitando permanecer como seres excluídos socialmente.
A criminalização dos movimentos sociais é, então, algo tenebroso e antidemocrático, já que busca manter o “status quo”, com a manutenção das mazelas do capitalismo, querendo calar a classe trabalhadora, para que ela não ofereça qualquer resistência e não se organize e lute contra a exploração dos grupos econômicos.
Além de uma leitura crítica que cada um de nós necessita realizar de tudo que for repassado pelos meios de comunicações sociais, devemos, ao mesmo tempo, fortalecer a luta pela democratização dos espaços na mídia, o que, naturalmente, não é uma tarefa fácil, devido os interesses que estão em jogo, mas para tanto, deve se pressionar o Poder Executivo e o Congresso Nacional, buscando mudança na atual legislação de concessões de rádio e televisão.
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