quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Novembro: O mês da consciência negra e o racismo


Chegamos ao “Mês da Consciência Negra”, que ocorre, anualmente, em novembro, em memória de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, por sua resistência à escravidão que foi imposta ao povo negro que era trazido da África para o Brasil, já que sua ação provocava a ira dos governantes e dos donos de terras da época, levando ao seu assassinato.
Durante todo mês, deveremos ter diversas atividades e eventos em várias localidades brasileiras, homenageando zumbi dos Palmares e, ao mesmo tempo, denunciando as formas de preconceito racial reinante entre nós, na busca de ampliar a consciência das pessoas sobre a necessidade de mudanças das práticas e atitudes que não respeitam a cultura e a história do povo de origem afro-brasileira.
É interessante se observar que há um discurso de alguns setores da sociedade, notadamente da elite, sobre a existência de uma democracia racial no Brasil, buscando evitar a organização de negros e negras na luta por seus direitos, mantendo a exclusão da população negra nos diversos aspectos como social, econômico, político, educacional, cultural, entre outros.
Como postado em novembro do ano passado neste Blog, lembro que não se pode falar em democracia racial, caso não haja igualdade de oportunidades para as pessoas de raças diferentes, o que não ocorre de fato, bastando dar uma olhada em seu local de trabalho, onde, com certeza, a maioria são pessoas brancas, e, nestes casos, sempre é utilizada a desculpa que todos têm a mesma chance, o que não condiz com a verdade já que a maior parte dos(as) afro-brasileiros(as) estudam em escolas de qualidade inferior de grande parte da população branca.
Por mais que não se queira ver e reconhecer, o racismo se encontra enraizado na sociedade brasileira, podendo ser detectado em atitudes diretas e de forma sutil, até mesmo em frases e olhares preconceituosos quando menos se espera, indicando que há necessidade de muitos esforços para reverter a situação e se alcance a superação do processo de discriminação.
O combate ao racismo deve ser iniciado pelo reconhecimento de sua existência no seio da sociedade brasileira, e, a partir de então, realizar ações educativas nas diversas esferas sociais, aonde se deve fortalecer a idéia que a construção da democracia no Brasil, depende da eliminação das diversas formas de preconceito, incluindo a questão racial.
Como passo complementar, entendo que se deve detectar e denunciar as pessoas intolerantes que se utilizam da prática da discriminação racial, ou seja, não sendo tolerante com a intolerância de qualquer espécie, incluindo a temática da religiosidade, pois as pessoas que são adeptas das religiões de origem afro-brasileiras devem ser respeitadas como outras de qualquer religião.
Compreendo que vem aumentando o número de negras e negras que tomam consciência da importância de lutar por seu espaço, o que, certamente, é um passo primordial para, de forma organizada, se quebre a estrutura colonial ainda existente na sociedade brasileira, aonde, nós, de origem afro-brasileira, continuamos vivendo na senzala, aqui representada por práticas excludentes e preconceituosas que precisam ser superadas.
A história de Zumbi e seus companheiros do Quilombo dos Palmares, bem como os componentes dos demais quilombos que existiram no Brasil na época da escravidão, indicam que a luta organizada por liberdade e igualdade nunca deve ser colocada em segundo plano, independente do momento histórico que se esteja vivendo e servem de exemplo para a continuidade da nossa luta para que a população negra da atualidade consolide seu espaço na sociedade, não aceitando passivamente o tratamento como uma categoria inferior devido o preconceito racial.

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