Em uma de suas músicas mais
conhecida, Martinho da Vila canta que ”batuque na cozinha, sinhá não quer”, mostrando
como o toque do povo negro não era aceito na época da escravidão, e só ocorria
nas senzalas, escondido da elite branca, que tentava impor a cultura e demais
manifestações europeias em solo brasileiro.
Durante anos, tal prática
permaneceu inalterada, buscando-se a desconstrução de qualquer manifestação de
outras raças, só se aceitando aquelas de origem ocidental, na tentativa de afirmar
a superioridade cultural da raça branca sobre as demais, consideradas como de
segundo ou até mesmo de terceiro plano.
Em rápida análise, chega-se
a constatação que a frase da música de Martinho da Vila permanece atual, ou
seja, a sinhá é simbolizada pela elite e os seguidores de seus pensamentos e
ideias, que teimam em não aceitar as expressões culturais de origem não
ocidental, querendo manter as mesmas afastadas e sem espaço na sociedade, na
tentativa de perpetuar uma supremacia cultural.
As manifestações culturais
de origem afro-brasileira autênticas e sem apelo comercial, por exemplo, não conseguem espaços efetivos nos grandes
meios de comunicações sociais, inclusive chegando a ser objeto de comentários
preconceituosos, principalmente quando se referem às religiões de matriz
africana, apesar de serem aceitas no período carnavalesco, quando se tornam até
atrações.
A situação evidenciada no
tocante as manifestações culturais e religiosas demonstra a necessidade de
mudanças urgentes no interior da sociedade brasileira, já que a discriminação
racial é algo que permanece no dia a dia, mesmo que alguns segmentos neguem tal
situação, tentando esconder uma realidade cruel e desumana.
As raças negra e indígena
buscam superar os obstáculos históricos criados para o reconhecimento e
valorização de suas práticas culturais e religiosas, salientando que as mesmas vêm
procurando dar respostas aos atos de intolerância e a falta de respeito de
determinados segmentos sociais.
Neste contexto, deve ser
combatido o discurso que o povo negro e indígena se mantem como vítimas de um
processo, já que tais povos sempre foram protagonistas de suas histórias ao
longo do tempo, resistindo e lutando contra as práticas discriminatórias da elite
brasileira, mantendo suas práticas culturais vivas e fortes.
É importante salientar que
qualquer manifestação cultural e religiosa necessita e deve ser respeitada,
independente de sua origem racial, pois só assim o Brasil poderá encontrar o
caminho que não haja encobrimento de atitudes intolerantes e preconceituosas.
Apesar da oposição de
determinados segmentos, as expressões culturais do povo negro e do indígena vão
se fortalecendo, indicando que, mesmo contra a vontade da sinhá, o batuque não ficará
restrito à cozinha, mas ocupará espaços diversificados no interior da sociedade
brasileira, representando avanços e conquistas fundamentais para que se viva em
harmonia entre as raças.
Nenhum tipo de intolerância é suportável, qualquer uma é seja ela de maior, ou menor grau é aceitável para nós humanos.
ResponderExcluirSei que muitos de nós negros e negras foram sufocados internemente por uma realidade e referencial que na sua origem, é só mais uma alimentação de tudo que tá ai!
Precisamos sim, olhar profundamente algumas coisas que nos fazem perder a força da nossa origem, mesmo que honrar origem, nos dê uma sensação ilusória de perda de poder, porque a nossa força não é comercial e nem de midia.
ELA É ANCESTRAL!!
LOGO NINGUEM TEM O PODER DE TIRAR!!!
ABAIXO QUALQUER INTOLERÂNCIA!
Dálete