Na
postagem anterior, intitulada ”A democracia e o voto”, foram levantadas
questões necessárias para aprimorar o processo eleitoral brasileiro, as quais só
se tornaram realidade com o envolvimento e participação da sociedade, que
através de ampla mobilização construirá os caminhos para exigir uma Reforma
Política tão necessária para melhoria da democracia representativa do país.
Este artigo pretende dar
continuidade ao debate do tema, mostrando que a democracia não se resume só no
ato de votar, pois, apesar da importância das eleições, o
avanço do processo democrático brasileiro se encontra condicionado a conquista
de outros direitos ainda não alcançados pela maioria da população.
Entre tais direitos,
observa-se a urgência de mudanças estruturais na sociedade que possa melhorar a
vida de brasileiros e de brasileiras, incluindo crianças e adolescentes, que permanecem
em situação de risco, com uma parcela sobrevivendo com ajuda de programas
sociais e outra parte vivendo totalmente excluída, composta de moradores de
ruas e mendigos, que sobrevivem nas vias públicas e dormem em marquises.
A democracia depende da
mudança de tal situação, pois persistindo a vulnerabilidade das pessoas
excluídas socialmente, um dos seus alicerces, que é a igualdade de condições de
vida e oportunidades, não estará firme e vigoroso, impedindo a consolidação do
processo democrático, cujos ganhos devem atender toda população e não só
beneficiem a elite da sociedade.
O avanço democrático no
Brasil depende de uma revisão de leis criadas para manter o “status quo”
daqueles mais privilegiados, ocasionando mazelas sociais, como no caso da falta
de áreas para construção de habitações para os mais pobres, enquanto terrenos
ficam sem uso no aguardo da especulação imobiliária e, no caso de qualquer
ocupação, se utiliza o “direito a propriedade”.
Merece destaque, também, a
necessidade da permanente participação popular e o controle social nas esferas
do poder público, seja executivo, legislativo e judiciário, criando-se espaços
que possibilitem que a população possa oferecer contribuições e propostas, além
de fiscalizar as ações realizadas, evitando desperdício do dinheiro público e
atendimento de pleitos da sociedade, lembrando que entre as formas de
participação tem-se o fortalecimento dos conselhos e a realização de consultas,
como plesbicito e referendo.
O fortalecimento da
democracia brasileira depende ainda da
mudança de ideia sobre o controle social da mídia, que não pode e não deve ser
confundida com censura, e que passa pelo impedimento da formação de grande
aglomerados, proprietários de rede de televisões, rádios e jornais e garantindo que os meios de comunicações
desempenhem sua função social e que sejam democratizados, abrindo espaços para
todos segmentos sociais e não só aqueles mais poderosos, salientando que,
atualmente, verifica-se a liberdade da empresa jornalística e não liberdade da
imprensa.
Verifica-se que a consolidação
da democracia no país, passa pela supressão das formas de preconceito e
descriminação, respeitando-se cada ser humano independente de sua definição
política, religiosa, cultural, sexual e a cor de sua pele, garantindo-se ampla
liberdade de expressão e o direito da escolha da forma de ser e agir de cada
pessoa, devendo o Estado se torna realmente laico e disponibilizado para as
diversidades existentes no interior da sociedade.
As questões acima indicam
que há necessidade da população rever práticas, compreendendo que é fundamental
fazer “política”, com cada pessoa assumindo o papel de agente de uma mudança
real, que não pode ser comparada a mudança proposta por algumas candidaturas do
atual processo eleitoral.
Finalizando, observa-se que
a democracia brasileira ainda é muito incipiente, havendo um caminho a ser
trilhado para se consolidar, possibilitando a conquista da cidadania, derrubando
privilégios de determinados setores, pois, caso contrário, se atingirá um
momento que uma pergunta ficará no ar: Que democracia é essa?
Infelizmente enquanto haver seres humanos excluídos, não haverá democracia!!
ResponderExcluirEnquanto não se repensar várias práticas partidárias e haver uma transformação no modo de ver a vida em toda as suas amplitudes, nada nos restará além do caos da raça humana!
Dálete