segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Blog de Ademir Damião: Um país rico em ... preconceitos

Blog de Ademir Damião: Um país rico em ... preconceitos

Um país rico em ... preconceitos


Há cada momento se observa atos preconceituosos de caráter individual e de diversos agrupamentos em todo Brasil, o que demonstra o enraizamento da intolerância entre nós, apesar da tentativa de continuar varrendo tais situações “para debaixo do tapete”, como se fosse possível esconder estes males que atingem nossas relações sociais mantidas no dia a dia.
O processo de discriminação passa por questões social, econômica, racial, sexual, religiosa, educacional, regional, entre outras, desfazendo o discurso que se buscou implantar no seio da sociedade que vivemos em um país em clima de paz e harmonia.
O Brasil não pode viver em paz e harmonia se, diariamente, são observadas ações aonde determinadas pessoas não respeitam, pó exemplo, o direito da opção sexual de outras pessoas, se observando casos de violência decorrentes da homofobia, como ocorreu neste final de semana em são Paulo e vem sendo divulgado pela imprensa.
Não há paz e harmonia no país se os nordestinos e as nordestinas são considerados como párias da sociedade por parte de paulistas, cariocas e sulistas, como aconteceu durante o período eleitoral e continua ocorrendo após a recente eleição, se pregando que o povo do nordeste deve ser considerado de categoria inferior devido à opção realizada durante a eleição, mas que, na realidade, reflete o pensamento reinante em parte das elite do Sul e Sudeste.
Não se terá relações pacíficas na sociedade brasileira enquanto persistirem idéias como as expressadas por Boris Casoy, que humilhou dois garis em intervalo de um programa jornalístico na televisão e que foi divulgado diante um áudio se encontra aberto.
A exclusão social é uma forma descriminante  aonde a elite se julga superior aos demais segmentos sociais, buscando manter a classe explorada em eterna senzala como no período da escravidão, havendo a necessidade de mudar tal quadro de exploração, estando a raiz do problema na estrutura capitalista da sociedade brasileira.
O processo de discriminação necessita ser combatido permanentemente, lembrando que durante o mês de novembro se comemora o “mês da consciência negra” e, não se pode deixar de ressaltar o preconceito contra as pessoas de origem afro-brasileira, através de fatos que não ocorrem isoladamente, mas que se observam continuamente, apesar da existência de legislação punitiva para tais casos.
Este preconceito contra o povo negro se estende, automaticamente, para suas expressões culturais e religiosas, sendo, neste último caso, evidente os sinais de intolerância religiosa, com as religiões de origem afro-brasileiras sendo consideras do diabo, principalmente por pessoas que se dizem cristãs e se esquecem do ensinamento do próprio Cristo, o qual sempre proclamou a necessidade de se ”amar o próximo como a si mesmo”.
As pessoas que pautam sua vida pelos atos de discriminação se encontram carregadas de ódio, necessitando mudar as práticas e valores de vida, para que possam ser felizes e, realmente, contribuir para que o Brasil se torne um país com melhores condições para se viver, aonde as barreiras separatistas sejam superadas, caso contrário, continuaremos vivendo em uma país rico em...  preconceitos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Blog de Ademir Damião: Novembro: O mês da consciência negra e o racismo

Blog de Ademir Damião: Novembro: O mês da consciência negra e o racismo

Novembro: O mês da consciência negra e o racismo


Chegamos ao “Mês da Consciência Negra”, que ocorre, anualmente, em novembro, em memória de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, morto em 20 de novembro de 1695, por sua resistência à escravidão que foi imposta ao povo negro que era trazido da África para o Brasil, já que sua ação provocava a ira dos governantes e dos donos de terras da época, levando ao seu assassinato.
Durante todo mês, deveremos ter diversas atividades e eventos em várias localidades brasileiras, homenageando zumbi dos Palmares e, ao mesmo tempo, denunciando as formas de preconceito racial reinante entre nós, na busca de ampliar a consciência das pessoas sobre a necessidade de mudanças das práticas e atitudes que não respeitam a cultura e a história do povo de origem afro-brasileira.
É interessante se observar que há um discurso de alguns setores da sociedade, notadamente da elite, sobre a existência de uma democracia racial no Brasil, buscando evitar a organização de negros e negras na luta por seus direitos, mantendo a exclusão da população negra nos diversos aspectos como social, econômico, político, educacional, cultural, entre outros.
Como postado em novembro do ano passado neste Blog, lembro que não se pode falar em democracia racial, caso não haja igualdade de oportunidades para as pessoas de raças diferentes, o que não ocorre de fato, bastando dar uma olhada em seu local de trabalho, onde, com certeza, a maioria são pessoas brancas, e, nestes casos, sempre é utilizada a desculpa que todos têm a mesma chance, o que não condiz com a verdade já que a maior parte dos(as) afro-brasileiros(as) estudam em escolas de qualidade inferior de grande parte da população branca.
Por mais que não se queira ver e reconhecer, o racismo se encontra enraizado na sociedade brasileira, podendo ser detectado em atitudes diretas e de forma sutil, até mesmo em frases e olhares preconceituosos quando menos se espera, indicando que há necessidade de muitos esforços para reverter a situação e se alcance a superação do processo de discriminação.
O combate ao racismo deve ser iniciado pelo reconhecimento de sua existência no seio da sociedade brasileira, e, a partir de então, realizar ações educativas nas diversas esferas sociais, aonde se deve fortalecer a idéia que a construção da democracia no Brasil, depende da eliminação das diversas formas de preconceito, incluindo a questão racial.
Como passo complementar, entendo que se deve detectar e denunciar as pessoas intolerantes que se utilizam da prática da discriminação racial, ou seja, não sendo tolerante com a intolerância de qualquer espécie, incluindo a temática da religiosidade, pois as pessoas que são adeptas das religiões de origem afro-brasileiras devem ser respeitadas como outras de qualquer religião.
Compreendo que vem aumentando o número de negras e negras que tomam consciência da importância de lutar por seu espaço, o que, certamente, é um passo primordial para, de forma organizada, se quebre a estrutura colonial ainda existente na sociedade brasileira, aonde, nós, de origem afro-brasileira, continuamos vivendo na senzala, aqui representada por práticas excludentes e preconceituosas que precisam ser superadas.
A história de Zumbi e seus companheiros do Quilombo dos Palmares, bem como os componentes dos demais quilombos que existiram no Brasil na época da escravidão, indicam que a luta organizada por liberdade e igualdade nunca deve ser colocada em segundo plano, independente do momento histórico que se esteja vivendo e servem de exemplo para a continuidade da nossa luta para que a população negra da atualidade consolide seu espaço na sociedade, não aceitando passivamente o tratamento como uma categoria inferior devido o preconceito racial.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Blog de Ademir Damião: Reflexão sobre 31 de outubro

Blog de Ademir Damião: Reflexão sobre 31 de outubro

Reflexão sobre 31 de outubro


Estamos chegando ao dia 31 de outubro, quando o povo brasileiro irá definir os rumos do país para os próximos quatro anos, escolhendo através do voto entre Dilma e Serra, quem assumirá a Presidência da República.
Não é surpresa para nenhuma pessoa que acompanha este Blog, qual é a minha opção nesta eleição, que é a candidatura de Dilma, pela necessidade de se dar continuidade as conquistas dos oito anos do Governo Lula, buscando sua consolidação, bem como impedir o retorno dos tucanos do PDSB ao poder, os quais foram responsáveis por uma política de privatização, que ocasionou a perda de parte do patrimônio do povo brasileiro, aonde Lula inverteu este quadro, fortalecendo os órgãos da administração federal, inclusive com a realização de diversos concursos públicos.
A vitória de Dilma nos leva a continuidade da participação da sociedade nas definições de políticas públicas através de conferências sobre diversos temas (meio ambiente, direitos humanos, comunicação, educação, mulher, entre outros), garantindo o controle social em tais políticas, fundamental em qualquer democracia.
Não se pode ter ilusão das promessas do candidato tucano, muitas das quais fruto de pura demagogia, como, por exemplo, a promessa de pagamento de 13º salário para os beneficiários do programa bolsa família, que sempre foi objeto de crítica dos aliados de Serra e que agora, em pleno período eleitoral, ele promete manter.
A falta de propostas concretas para o país faz com que Serra busque manter a discussão sobre temas religiosos e questões como o aborto, buscando contar com apoio de setores conservadores católicos e evangélicos, não oferecendo contribuições para um debate sobre questões sociais e econômicas.
A sociedade brasileira não pode e não deve ficar refém da tentativa de tornar o processo eleitoral um fórum de debate de dogmas religiosos, os quais naturalmente necessitam ser aprofundados e discutidos, porém de uma forma racional e sem um clima sectário, como se observa atualmente nas colocações de alguns religiosos, com o risco de criar um movimento semelhante ao fundamentalismo oriental.
Entendo que o processo eleitoral não deve ser construído na base da concepção religiosa das pessoas, mas sim na avaliação se suas propostas irão beneficiar a maioria da sociedade, afinal todos  ex-governantes brasileiros se declararam adeptos de religiões cristãs e as condições de vida do povo durante muito tempo não mudou praticamente nada, apesar de muitos deles serem vistos nas missas e cultos durante suas gestões.
Deve se registrar que o processo eleitoral não traz por si só as melhorias almejadas pelo povo brasileiro, havendo a necessidade que os segmentos sociais se façam presentes na luta pelos direitos dos mais necessitados, impedindo que as diferenças sociais sejam ampliadas entre nós, criandomecanismos para diminuição dos efeitos do capitalismo na sociedade brasileira.
A vitória de Dilma representa uma trincheira de combate ao processo de exclusão  no Brasil, assim como foi o Governo Lula, tendo como exemplo, programas como o PROUNI, que levou milhares de jovens pobres e negros para universidades, além da criação de escolas técnicas fora das regiões metropolitanas, bem como a geração recorde de empregos no país.
Do ponto de vista regional, não se pode esquecer que a Região Nordeste passou a ser olhada de forma diferenciada durante o Governo Lula, havendo a implantação de grandes obras, cuja consolidação se dará na administração de Filma, lembrando que tal fato não se deu durante o governo tucano, que só tinha olhos para a região Sudeste
Saliento, ainda, que Dilma deverá contribuir com a organização do povo latino americano e dos países do terceiro mundo na defesa de interesses comuns, não havendo submissão aos Estados Unidos, como foi praxe no governo tucano e vem sendo defendido por Serra.
Finalizando, convoco você, leitor ou leitora deste blog, a uma reflexão séria sobre seu voto no dia 31 de outubro, já que não há espaço para experiências erradas no Brasil, logo se deve apostar e votar em quem vem mudando a face do país ou seja em Dilma.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Blog de Ademir Damião: Além do voto....

Blog de Ademir Damião: Além do voto....

Além do voto....


Dentro de poucos dias, estaremos definindo o destino do país para os próximos quatro anos, através da escolha da opção que a sociedade considerar mais viável assumir a presidência do Brasil e  o governo de cada estado da federação, além de membros do poder legislativo (deputados e senadores).
Bem, aqui não irei realizar apologia de nenhuma candidatura, até porque quem acompanha este blog, sabe que, como militante petista, eu já tenho minha opção eleitoral, porém, gostaria de ressaltar que é preciso discutir com profundidade a participação política de cada um de nós no dia a dia das questões do Brasil e do próprio planeta.
Começo ressaltando que o ato de votar é fundamental e significa um momento de consolidação da democracia no Brasil, que nunca mais deve passar pela experiência de golpes, que impeçam o povo de expressar sua vontade política, como o que ocorreu ma época da ditadura militar, implantada no país em 1964.
Mas é importante salientar que a consolidação da democracia no Brasil depende de outras questões além do ato de votar nos dias das eleições, entre as quais merece destaque a participação popular nas decisões das diversas esferas públicas, o que garantirá que os planos e projetos governamentais atendem o interesse da sociedade.
Compreendo que, sem a participação popular, a democracia no país se fragiliza e só beneficiará a elite social, como ocorria em tempos passados, aonde grande parte da população só votava nas eleições e depois ficava em segundo plano, não tendo seus direitos básicos respeitados.
A participação popular nos leva a construção de uma plena cidadania, com cada um de nós se tornando sujeito das decisões que diz respeito ao nosso dia a dia, possibilitando a construção de meios norteadores de debates políticos que possa ampliar o nível de consciência política da população e a busca de saídas para os grandes problemas que assolam a sociedade brasileira, aonde o capitalismo perpetua injustiças e exclusão social.
É importante lembrar, ainda, que a consolidação da democracia no país depende, também, da democratização de outras esferas da sociedade, como, por exemplo, os meios de comunicações sociais, os quais buscam atender os interesses da elite e não permitem que a classe trabalhadora ocupe um espaço de forma igualitária aos mais beneficiados socialmente.
A mídia atende os objetivos capitalistas e utiliza o argumento de “liberdade de imprensa” contra aqueles que se posicionam pela criação de mecanismos que assegurem o controle da sociedade sobre seu conteúdo programático, alegando que tal atitude representa um retrocesso e forma de censura, quando a única verdade é democratizar este instrumento primordial de qualquer sociedade.
A consolidação da democracia brasileira passa pelo respeito às diferenças dentro da sociedade, logo não se deve aceitar qualquer ato de intolerância através do combate radical as formas de preconceito seja racial, religiosa, sexual, social, entre outros, dando direitos iguais para todos e todas se expressarem ou posicionarem suas idéias e pensamentos.
Sendo assim, cabe fortalecer as lutas dos grupos sociais que queiram garantir seus direitos, para que o processo de discriminação ainda reinante no país seja, ao longo do tempo, algo superado, nos tornando uma sociedade realmente tolerante, respeitando o outro e também sendo respeitado.
Ainda deve ser ressaltado que a participação em órgãos representativos (sindicatos, associações e conselhos de classes) bem como o envolvimento nas lutas nos locais de moradia ou de estudo, são caminhos fundamentais para conquista de direitos e, logicamente, com a construção do processo democrático brasileiro, nos levando a uma sociedade igualitária e ambientalmente saudável.
O contexto acima indica que temos um longo caminho a percorrer para consolidação da democracia entre, não deixando, novamente, de ressaltar a importância do voto de forma consciente nos processos eleitorais que definem o destino do país, como ocorre agora no dia 03 de outubro.

domingo, 29 de agosto de 2010

Blog de Ademir Damião: A importância da participação popular

Blog de Ademir Damião: A importância da participação popular

A importância da participação popular


Este blog está completando um ano de existência, mantendo seu objetivo inicial de socializar idéias com todos e todas que acessam esta ferramenta oferecida pela internet, logo, gostaria, inicialmente, de agradecer a vocês pela honra que me dão pelo acompanhamento e, sempre que possível, pelos comentários.
Neste intervalo de tempo, sempre procurei sempre mostrar a importância da participação popular e controle social na busca de solução para os problemas vivenciados pela sociedade, inclusive nas questões ambientais, não se podendo aceitar que, em pleno século XXI, os segmentos sociais não estejam inseridos no acompanhamento das ações que venham ter interferência no seu dia a dia.
Naturalmente que o envolvimento popular ainda é rejeitado por muitos tecnocratas, os quais continuam defendendo que o povo não tem condições de participar de um processo de discussão sobre determinados projetos, numa visão elitista e ultrapassada.
Deve ser ressaltado que o linguajar técnico não permite que parte da sociedade compreenda com profundidade determinados temas e discussões, o que impede uma participação com maior eficácia da população, criando barreiras que necessitam ser superadas.
A concepção de que a participação popular se restringe unicamente ao período eleitoral é fato superado, pois além da escolha de representações nos poderes executivo e legislativo, verifica-se que devem ser criados mecanismos para que a população possa se envolver nas ações em que deverá ser beneficiada ou atingida.
Dentro de nossa história recente, encontra-se registrado que, em meados da última década de oitenta, as representações de favelas e áreas carentes em conjunto com a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, na época comandada por Dom Helder Câmara, elaboraram o projeto da chamada Lei do PREZEIS (Plano de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social), a qual regulamenta a situação de diversas comunidades do Recife e, posteriormente, pressionaram o poder público municipal para sua aprovação,  fato que se deu em 1987, sendo a primeira lei de iniciativa popular aprovada no país, antecedendo a promulgação da nova Constituição do Brasil, que ocorreu um ano após.
Observou-se, nos fins dos anos oitenta, a mobilização para aprovação de propostas populares durante o período de elaboração da constituição nacional e da constituição estadual, bem como das leis orgânicas de diversos municípios, aonde os segmentos sociais buscaram defendiam os princípios e idéias que julgavam ser os melhores para sociedade brasileira.
Os movimentos sociais continuam, atualmente, sua mobilização para apresentar propostas de iniciativa popular, que tragam melhores condições de vida para classe trabalhadora, apesar de resistência de grande parte dos parlamentares, que são responsáveis pela aprovação de tais leis.
O envolvimento da população com o orçamento participativo proporciona condições para a aprovação e execução de ações que sem a participação popular não se teria resultado satisfatório, seja pelo grau de importância social seja pelo controle e qualidade do serviço executado.
Entre outros exemplos da importância da participação popular, deve, ainda, ser lembrado o processo de conferências que foram e continuam sendo realizadas nas três esferas de governo (federal, estaduais e municipais), além do mecanismo de construção das Agendas 21 em diversas localidades, que só pode se concretizar com o engajamento da população, bem como outros espaços de controle social, como fóruns e conselhos.
De modo resumido, procurei mostrar que o povo possui condições de participar de forma efetiva da discussão de temas diversificados, enriquecendo qualquer processo com um olhar diferenciado do técnico, numa troca de saberes em que não haverá vencidos e vencedores, só trazendo ganhos para própria sociedade com o crescimento coletivo e projetos construídos com maior realidade.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Blog de Ademir Damião: O joio e o trigo na questão ambiental

Blog de Ademir Damião: O joio e o trigo na questão ambiental

O joio e o trigo na questão ambiental

Dentro da dinâmica da sociedade capitalista, qual é a compreensão que se tem da sustentabilidade ambiental?
Será que existem condições para se ter um “desenvolvimento sustentável” em uma sociedade que se alimenta do lucro, aonde o “Ter” é mais importante do que o “Ser”?
Os questionamentos acima se tornam necessários visto que a defesa do meio ambiente e bandeira da sustentabilidade se encontram incluídas na agenda de diversos segmentos da sociedade, muitos dos quais com interesses antagônicos dentro da estrutura do capitalismo.
Sendo assim, é, no mínimo, curioso observar campanhas de algumas empresas nacionais e multinacionais que defendem questões como “consumo sustentável”, nos levando a refletir se tais campanhas não passam de um jogo de publicidade, já que a preservação ambiental é, atualmente, considerada uma atitude politicamente correta.
Compreendo que não dá para acreditar em tais campanhas, já que estas empresas continuam explorando seus empregados e suas empregadas, e não se pode falar em sustentabilidade ambiental de forma isolada, sem se observar aspectos como sustentabilidade social, econômica, política, educacional, entre outras.
Entendo que o debate sobre sustentabilidade deve, necessariamente, incluir a qualidade de vida das pessoas, buscando ver como a exploração capitalista afeta o nosso dia a dia e, em conseqüência, o meio ambiente, ocasionando um processo de uso irracional dos recursos naturais para produção de bens de consumo de parte da sociedade, bem como para sobrevivência daqueles que se encontram excluídos socialmente.
Este quadro mundial se torna cada vez mais preocupante diante as catástrofes que se observa em várias partes do Planeta, com enchentes, secas, queimadas, terremotos, entre outros problemas, sendo a reação da natureza pela forma de relacionamento do ser humano com os recursos naturais decorrente da concepção da exploração e da conquista do lucro.
Compreendo que existem saídas para esta situação, a qual passa pelo fato de se incluir a discussão sobre o capitalismo dentro da agenda ambiental, buscando demonstrar que reais melhorias da qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente só se concretizarão com um novo modelo de sociedade, onde se possa viver com oportunidades e direitos iguais para todos e todas.
Diante a importância das ações de educação ambiental, compreendo que qualquer trabalho educativo também deve abordar a dinâmica capitalista e seus efeitos sobre os recursos naturais e o ser humano, contribuindo, assim, com a ampliação do nível de consciência das pessoas, elevando o nível de participação popular e controle social na discussão do tema ambiental e de outros temas, sendo, então, mais um instrumento para construção das mudanças estruturais que se almeja no capitalismo.
Finalizando é importante ressaltar que o avanço neste debate irá proporcionar a separação do “joio do trigo”, mostrando quem é quem na defesa da sustentabilidade ambiental, observando o que de fato cada segmento social pretende alcançar na questão ambiental ou se, apenas, ocorre um discurso demagógico sobre o assunto.

domingo, 18 de julho de 2010

Blog de Ademir Damião: Fazer política?

Blog de Ademir Damião: Fazer política?

Fazer política?


“Eu odeio política”, certamente você já ouviu esta frase em algum lugar (ou quem sabe, você já tenha falado), pela qual se expressa o sentimento de algumas pessoas com referência aos partidos políticos e parlamentares, de modo geral, principalmente, em momentos como o atual, quando se inicia a campanha eleitoral.
Mas, será que sabemos realmente o que é “fazer política”? Qual a importância de “fazer política” na vida de cada um (a) de nós e para coletividade?
Historicamente, verificamos que as elites brasileiras sempre procuraram passar a idéia que política era algo que só deveria ser feita por um grupo reduzido da sociedade, que eram os homens brancos e ricos, não permitindo a participação das mulheres e dos trabalhadores de modo geral no debate das questões da sociedade.
Com tal propósito, buscavam afastar a classe trabalhadora de qualquer discussão dos problemas que atingiam seu dia a dia, mantendo um processo de dominação e exploração, criando mecanismos que dificultassem a organização política dos trabalhadores e trabalhadoras e de outros segmentos sociais.
Ciente da importância de sua organização para mudar o rumo de sua história, a classe trabalhadora vem ultrapassando diversas barreiras ao longo do tempo e vem buscando encontrar saídas para seus problemas, combatendo as armadilhas implantadas pelas elites, mostrando que a política é um ato permanente, presente em qualquer ação que se queira realizar.
Verificamos que as mulheres, como outros grupos sociais, também vem mostrando a importância da presença no debate das questões que as atingem, construindo e implantando proposições para um mundo mais justo, decorrentes do envolvimento político nas diversas esferas da sociedade.
Como reflexão, seria interessante pensar o que seria deste país, se os agrupamentos excluídos do debate político pelas elites brasileiras (trabalhadores e trabalhadoras, mulheres, negros, entre outros) não vencessem as barreiras que os impediam do debate político, como estaríamos vivendo atualmente?
Compreendo que os fatos acima mostram a importância de “fazer política”, que é bem mais do que o ato de votar e ser votado, ressaltando que avalio que a participação política partidária e no período eleitoral são importantes para a sociedade.
Como em qualquer ação, estamos sempre tomando uma decisão e fazendo uma opção, que interfere nossa vida, entendo que ao tomar esta decisão, estamos fazendo um ato político, escolhendo um lado em detrimento de outro lado, seja na família, trabalho, escola e na sociedade como toda.
Segundo Aristóteles: “O homem é um animal político”, já indicando, naquela época, que a política é inerente ao ser humano, que vive permanentemente tomando decisões políticas, como por exemplo, o ato de sindicalizar-se, economizar energia, estudar para determinada prova ou concurso, dar uma desculpa para não ir ao trabalho, participar das tarefas domésticas.

Entendo que se “faz política” até ao se declarar neutro em determinado assunto, pois, neste caso a omissão favorece o lado mais forte no embate, o que, geralmente, possibilita que as injustiças continuem imperando entre nós, favorecendo as elites dominantes.
Finalizando, ressalto que o envolvimento político de cada pessoa nos diversos espaços sociais proporcionará que possamos realmente construir uma sociedade mais justa e igualitária, aonde os direitos e oportunidades serão realmente democratizados, possibilitando uma qualidade de vida melhor para cada ser humano.

domingo, 4 de julho de 2010

Blog de Ademir Damião: A Copa e o amor à Pátria

Blog de Ademir Damião: A Copa e o amor à Pátria

A Copa e o amor à Pátria

Na época que participei do grupo jovem da Paróquia do Bairro de Campo Grande (Recife), ouvi um sermão na Semana da Pátria, no qual o padre falava sobre patriotismo e, na ocasião, ele contou a história de um marinheiro que ao ver o navio se afundando, procurou salvar a bandeira do País, sendo, posteriormente, homenageado como um “herói nacional”.
Em sua homília, o padre procurou mostrar que aquele marinheiro precisava ser informado sobre o verdadeiro sentido de Pátria, que não se encontraria resumido em uma bandeira ou em qualquer outro símbolo e, sim, na situação que vive a maioria do povo, que deveria ter condições para viver de forma satisfatória.
Lembrei-me do sermão, após a derrota da seleção brasileira para holandesa na Copa da África do Sul, quando vi pela televisão muitas pessoas chorando copiosamente com a nossa desclassificação no Mundial, como se o Brasil tivesse passando por uma catástrofe insuperável, o que de fato não aconteceu.
Compreendo que o amor à Pátria não se resume só em sofrer com uma desclassificação na Copa do Mundo, mas, necessita ser construído no dia a dia, aonde há necessidade do envolvimento no combate das mazelas aqui existentes, decorrentes de uma sociedade cujo alicerce é a exploração capitalista, a qual leva a formação de grupos de incluídos e excluídos sociais.
Verifica-se que a mídia enaltece um patriotismo exagerado no período de competições, como na Copa do Mundo, levando parte da população a tomarem atitudes emocionais, não vistas em assuntos de maior relevância, possibilitando que muitos problemas se perpetuem historicamente entre nós.
Logicamente que aqui não estou defendendo que não se deva torcer pela seleção brasileira, porém compreendo que se torna necessário ultrapassar o ufanismo que “somos sempre insuperáveis”, o que não condiz com a realidade em muitas ocasiões, como na Copa da África do Sul, levando parte da população ao desânimo e decepção em casos de derrotas.
É preciso lembrar que a idéia da “Pátria sobre chuteiras” vem do período autoritário, aonde se buscava utilizar o futebol para esconder os problemas enfrentados pelo povo, incluindo a perseguição aos opositores do sistema e tentando passar a imagem de que o Brasil era um país forte e unido, que vivia em um “mar de rosas”.
Caso a mobilização observada nos dias de jogo da seleção brasileira, inclusive com grande quantidade de pessoas vestindo verde e amarelo, ocorresse em outros momentos, muitas questões deste País já teriam tido, há muito tempo, outros encaminhamentos e, certamente, estaríamos vivendo em um país com melhor qualidade de vida, pois no dia a dia, se vê que muitas pessoas aguardam soluções dos governantes, naquilo que a sociedade deveria buscar realizar através de sua própria organização para mudar a realidade que vivemos.
A mobilização e disponibilidade popular vistas no período de mundiais não correm, por exemplo, de forma semelhante para as ações desenvolvidas por sindicatos e movimentos sociais, dificultando o processo de organização social na busca de alternativas sustentáveis para uma sociedade mais justa e fraterna nos aspectos social, econômico, ambiental, político, entre outros.
Entendo que a mobilização popular é fundamental para que consigamos superar definitivamente os problemas que nos afligem e cujas soluções só se viabilizará com o envolvimento da população, buscando garantir a construção de um processo democrático, que não se restringe ao direito de votar e ser votado no período eleitoral, mas deve possibilitar a existência de canais efetivos de participação nas diversas esferas de governo.
Diante deste quadro, compreendo que cabe a cada um ou uma de nós dá sua contribuição para que seja ampliado o grau de participação das demais pessoas nas questões que permeiam a nossa vida, mostrando que se é importante demonstrar o amor à Pátria no período de Copa do Mundo, mas importante ainda é se envolver na transformação da sociedade brasileira ultrapassando as barreiras que impedem a igualdade de direitos e oportunidades para todos.